(Reprodução/Rede Globo)
Menos de dois dias depois de ter feito um bem-sucedido pouso de emergência no aeroporto de Brasília, o comandante Eduardo Verly, 45, diz que não se sente um herói.
`Sei que as pessoas estão me achando herói, mas não sinto um herói. Dou risada quando ouço porque acho engraçado. Mas sou uma pessoa normal, que foi treinada e seguiu todos os procedimentos em casos assim.''
Na hora, diz, o `pouso foi o mais manteiga da minha vida'' 'pouso manteiga'' é um pouso suave, no jargão da aviação.
A `ficha'', diz o comandante, só caiu no hotel, mais de duas horas depois de o Fokker-100 da Avianca em que estava ter aterrissado sem o trem de pouso dianteiro na pista de Brasília -ninguém se feriu no acidente.
`Fiquei um tempo embaixo do chuveiro, aí que veio o filme e relembrei a proporção, como que foi o negócio. Ouvi o áudio da conversa com a torre e não me reconheci.''
Católico não praticante, disse que `conversou bastante'' com Deus depois que tudo acabou bem. `Tenho que agradecer pela frieza, pela calma e pelas tomadas de decisão. Mas na hora, dentro do avião, não pensei em nada.''
Ouça o diálogo do piloto:
Entenda o acidente
A aeronave da Avianca fez o pouso forçado de 'barriga'' na pista do aeroporto de Brasília, na tarde de anteontem, porque o trem de pouso não funcionou. O avião fazia o voo O6 6393, que havia saído de Petrolina (PE) com 44 passageiros e cinco tripulantes a bordo - a capacidade máxima é de 100 pessoas.
De acordo com a FAB (Força Aérea Brasileira), o piloto informou o problema à torre de comando às 17h05 e pousou às 17h55. A pista onde o avião pousou há duas no aeroporto só reabriu três horas depois. Antes do pouso forçado, Verly foi obrigado a gastar o combustível do avião, para a aeronave aterrissar de maneira mais leve e reduzir a velocidade do pouso e o risco de explosão. Para tal, voou sobre Brasília por 50 minutos.
Assista ao vídeo do momento do pouso:
Durante esse período, o piloto declarou à tripulação e passageiros que faria um pouso de emergência. Em terra, equipes do Corpo de Bombeiros ficaram de prontidão para despejar espuma sobre a pista. O procedimento reduziu o atrito do avião com o solo.
Os passageiros foram retirados por escorregadeiras infláveis acionadas nas duas portas dianteiras do avião. A FAB considera que, diante da emergência, o pouso foi satisfatório. Ao aterrissar, o avião tocou o solo primeiro com o trem traseiro. Ninguém se feriu, segundo a Avianca e a concessionária Inframérica, que administra o aeroporto de Brasília.
O copiloto teve dores na coluna. Ele foi atendido em um hospital na capital federal. O Fokker-100 acidentado, prefixo PR-OAF, fez o primeiro voo em 1992 e está na Avianca desde 2006.
Investigação
O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) irá apurar o acidente. Entre as possibilidades estão falha hidráulica, elétrica ou mecânica. O órgão disse que não tem prazo para concluir a investigação.