Incêndio em Heliópolis mata três pessoas e deixa outras 22 feridas

Caio do Valle
08/07/2013 às 07:42.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:51
 (Adriano Lima/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo)

(Adriano Lima/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo)

Um incêndio na comunidade Ilha, na região de Heliópolis, na zona sul da capital paulista, na madrugada deste domingo, 7, matou três pessoas e feriu 22 - três em estado grave. Ainda não se sabe a causa do fogo, embora uma das suspeitas é que um balão tenha caído nos barracos. A perícia deverá indicar, nos próximos dias, o que começou as chamas.

Segundo testemunhas, o fogo começou por volta da 0h40. O Corpo de Bombeiros chegou ao local 20 minutos depois. Uma área de cerca de 3 mil metros quadrados foi atingida. Cerca de 400 famílias vivem na comunidade situada na esquina da Avenida Almirante Delamare com a Rua Cônego Xavier, de acordo com estimativa da Subprefeitura do Ipiranga.

Não é a primeira vez que a área é atingida por incêndio. "Desde que moro aqui, faz uns 13 anos, já vi três vezes pegar fogo, a última não faz nem um mês", disse o metalúrgico José Carlos Norberto dos Santos, de 43 anos. Na tarde de ontem, ele e a mulher vigiavam o que conseguiram recuperar da casa, onde dormiam na hora da ocorrência. As trouxas de roupa e alguns eletrodomésticos estavam espalhados pela calçada.

Correria

"Acordei com o grito de alguém falando que tinha um incêndio. Logo de cara, já fui pegando o que pude, TV, som, roupa e sapatos", afirmou Santos. Muita coisa ficou para trás: geladeira, fogão, sofá, cama e guarda-roupas, entre outros objetos perdidos, além do próprio barraco. "O teto da casa afundou com o calor." Ele não sabia onde ia passar sua primeira noite sem casa.

Parte das construções da comunidade é feita de madeira. Os barracos têm até seis andares e pouco espaçamento entre si. Também há ligações elétricas clandestinas, assim como botijões de gás. Esses fatores são todos potenciais causadores de incêndio, explicou o major Valdir Pavão, comandante do 1.º Grupamento de Bombeiros, que coordenava a ação de rescaldo na tarde de ontem. "Por isso, todas as hipóteses devem ser consideradas."

Os barracos ficam ao lado do Hospital Heliópolis, que não foi atingido. Entre os dois há um bosque de eucaliptos. A copa das árvores, segundo o coronel Jair Paca de Lima, coordenador da Defesa Civil, pode ajudar a alastrar o fogo. "Cerca de 50 edificações foram atingidas, mas a comunidade toda precisa ser interditada."

Apesar disso, ontem à tarde muita gente corria para o interior das casas para tentar recuperar alguma coisa. A comerciante Andrea Alves, de 33 anos, era uma das poucas que não quiseram ver o que restou de seu lar. "Não tenho coragem de ir e ter a certeza de que não tenho mais casa", disse ela, que morava com mais quatro pessoas, entre elas três filhos. "Queria que o prefeito e o governador viessem ver como vivem as pessoas, e não só na campanha."

Prefeitura

O prefeito Fernando Haddad (PT) esteve no meio da tarde na quadra da escola de samba Imperador do Ipiranga, onde os desabrigados recebiam colchões e kits de higiene pessoal. Na rápida visita, que não foi divulgada, ele disse que lamentava as mortes, segundo sua assessoria de imprensa.

O subprefeito do Ipiranga, Luiz Henrique Girardi, disse que a principal dificuldade para cuidar do terreno é que a área pertence à União, mas está sob a tutela do governo do Estado. "Houve outros incêndios ali, mas a ocupação volta."

As famílias diretamente afetadas serão cadastradas na quarta-feira para serem incorporadas ao programa habitacional da Prefeitura. Até o início da noite, o nome das vítimas não havia sido divulgado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://www.estadao.com.br

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