No Senado, presidente do Inep descarta risco à realização do Enem

Agência Brasil
17/11/2021 às 15:03.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:16
 (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

(Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Danilo Dupas, voltou a negar hoje (17) qualquer risco quanto à realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), marcado para os dias 21 e 28 deste mês.

A declaração de Dupas ocorre em meio à crise que atinge a autarquia, após 37 servidores comissionados ligados à realização do Enem e de outras avaliações terem pedido exoneração das funções.

“O Enem 2021 será realizado normalmente. Não há qualquer risco às aplicações”, diz Dupas, que participou, na manhã desta quarta-feira, de um audiência pública no Senado para tratar do tema. Na semana passada, o presidente do Inep já havia comparecido à Câmara dos Deputados também para falar sobre as exonerações no instituto.

Ao abordar novamente a questão, Dupas repetiu o que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou ontem (16): que não há interferência política na elaboração do Enem. Segundo Dupas, as exonerações estão relacionadas a questões administrativas e não às provas do Enem.

"As provas foram montadas pela equipe técnica seguindo a metodologia que vem sendo adotada, a Teoria de Resposta ao Item (TRI). A prova possui um conjunto de questões de diversos níveis de dificuldade que são calibradas para garantir um certo nível. É comum, portanto, que durante a montagem da prova existam itens que são colocados e outros que são retirados justamente para garantir o nivelamento das provas”, justifica o presidente do Inep.

Gratificação

Segundo Dupas, a crise na instituição teria, entre outras motivos, o debate sobre a Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso (GECC) dada a servidores cujas atividades não estejam previstas nas competências da área ou da carreira do servidor.

"Somos questionados se é natural que esse elevado número de servidores peça exoneração ao mesmo tempo. A resposta é não, mas também não é natural que 37 funcionários, aparentemente preocupados com os exames e com o Inep, peçam exoneração ao mesmo tempo e na véspera da realização das provas”, critica.

Já o presidente da Associação dos Servidores do Inep, Alexandre Retamal, rebateu as acusações e disse que os servidores que pediram exoneração e que atuam em funções ligadas à logística e ao desenvolvimento da aplicação do exame, atribuíram os pedidos à fragilidade técnica e administrativa da atual gestão do Inep. Retamal voltou a afirmar que não se trata de posição ideológica ou de cunho sindical, e citou ainda a existência de denúncias de assédio moral.

“Para nós servidores do Inep, o que está acontecendo não é uma briga ideológica ou por motivação política ou financeira. Os servidores do Inep não confiam nessa gestão. Se confiassem, nós não estaríamos vivendo essa situação. Acho que cabe ao presidente do Inep uma análise, mais do que ficar só nos acusando, para tentar entender por que que os servidores do Inep não estão confiando em sua gestão”, alega Retamal.

Segundo ele, os servidores apontam como saída para a crise no Inep a adoção de "solução estrutural", com autonomia para a autarquia. O servidor afirma ainda que a prova do Enem deve acontecer sem incidentes graças ao trabalho realizado pelos funcionários.

"O Inep precisa ter autonomia para produzir suas estatísticas e dados para guiar políticas públicas. Pode ter certeza, se o Enem 2021 for aplicado normalmente é graças à dedicação dos servidores do Inep e nossa responsabilidade. Pedimos que os servidores sejam respeitados", completa.

O Presidente da Frente Parlamentar Mista de Educação, o deputado federal Israel Batista (PV-DF), afirmou na audiência pública que não é normal que um número elevado de servidores tenha pedido exoneração em conjunto e que o presidente do Inep não conseguiu esclarecer as questões levantadas. Ainda conforme Batista, a questão não pode ser resumida ao embate entre servidores e presidência do Inep, como apontou Dupas. O deputado manifestou ainda preocupação com a elaboração das provas do Enem.

“Não é um debate de servidores contra a direção por causa de gratificação. Esse tensionamento começou em 2019 e nada tem a ver com gratificação. Estão se queixando de interferências amplamente defendidas pelo alto escalão do governo, inclusive o presidente da República. O Enem é uma prova que precisa ter a cara do Brasil. É uma política de Estado, e não de um governo. Traz uma parte do país para os grandes debates públicos”, comenta o parlamentar.

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