Calvário dos pequenos: pesquisa expõe estragos e desafios vividos por 6 mil empreendedores no país

Da Redação
primeiroplano@hojeemdia.com.br
10/04/2020 às 14:27.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:15
 (Reprodução/ Pixabay)

(Reprodução/ Pixabay)

Pesquisa divulgada pelo Sebrae Nacional mostrou os enormes estragos provocados até agora entre as micro e pequenas do país após o início da crise da Covid-19, em meados de março. Com 6.080 donos de estabelecimentos entrevistados, o levantamento apontou, por exemplo, que 60% deles buscaram empréstimos para assegurar o funcionamento dos negócios durante a pandemia, mas tiveram os pedidos negados – apesar de inúmeras medidas para o setor anunciadas nas últimas semanas pelo governo federal.

O estudo, intitulado “O impacto da pandemia do coronavírus nos pequenos negócios”, e realizado de 3 a 7 de abril, sinalizou ainda que, além da dificuldade de acesso a crédito, os micro e pequenos enfrentam queda significativa no faturamento. Quase 88% dos empresários viram as entradas em caixa despencarem (a perda foi de 75% em média) e a estimativa é de que essas empresas consigam manter-se operando por mais 23 dias, também conforme média indicada pelos entrevistados. 

De acordo com a pesquisa, a situação financeira das empresas, que já não era considerada boa antes da pandemia pela maioria dos pequenos negócios (73%), deve piorar ainda mais, nos próximos dias.

Afinal, 62% dos empreendimentos já pararam temporariamente ou fecharam as portas de maneira definitiva. Entre os 38% que continuam abertos, a maioria alterou o funcionamento, passando a fazer apenas entregas, atuando exclusivamente no ambiente virtual ou adotando horário reduzido. 

Demissões
Outro dado preocupante trazido pela pesquisa é que, nos últimos 15 dias, 18% dos empresários entrevistados disseram ter demitido funcionários em razão da queda de faturamento e da falta de perspectivas de solução para a crise.

Considerando o universo de 17,2 milhões de pequenas empresas no Brasil – e estendendo-se a amostra da pesquisa a esse universo –, poderia se inferir que cerca de 3 milhões de empreendimentos já teriam feito dispensas entre seus colaboradores.

Crédito
Para o presidente do Sebrae, Carlos Melles, o levantamento confirma a importância das medidas que vêm sendo anunciadas pelo governo, a exemplo da alavancagem que a instituição está fazendo no Fundo de Aval para as Micro e Pequenas Empresas (Fampe). 
Nos próximos três meses, o Sebrae deve destinar pelo menos 50% da arrecadação para ampliar o crédito aos pequenos negócios. O socorro deve começar com R$ 1 bilhão em garantias, o que viabilizará R$ 12 bilhões em crédito para pequenos negócios. 
“Um dos maiores obstáculos no acesso dos pequenos ao crédito é a exigência de garantias. Nesse sentido, o Fampe funciona como salvo-conduto, que vai permitir aos pequenos, incluindo os MEIs , a obtenção do capital de giro”, explicou o dirigente.

 Nova linha de financiamento pode ser salvação para as MPEs

Entre as diversas medidas voltadas a socorrer micro e pequenos negócios já anunciadas no país, forte candidata a luz no fim do túnel é a que foi aprovada pelo Senado, esta semana, criando uma linha de financiamentos mais barata para tais segmentos.

No total, os recursos da nova modalidade de crédito chegam a R$ 13,6 bilhões. Pelos termos do Projeto de Lei 1.282/2020, as operações com risco para o Tesouro Nacional serão realizadas por bancos federais e de acordo com as condições estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CNM). A medida agora será votada pela Câmara dos Deputados e então seguirá para sanção presidencial.

O Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) visa a fortalecer tais empreendimentos por meio da liberação de R$ 10,9 bilhões em operações de crédito do Tesouro Nacional e R$ 2,7 bilhões do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste e Cooperativas de Crédito. 

Os recursos serão destinados às microempresas com faturamento anual de até R$ 4,8 mi, com juros de 3,75%. O limite do crédito é de 50% da receita bruta de 2019, com carência de seis meses e prazo de pagamento de 36. Ao empresário interessado será exigida apenas garantia pessoal. As empresas que tomarem os recursos ficarão impedidas de demitir trabalhadores por 60 dias. “O Congresso atua em prol das MPE para o enfrentamento da crise de quem gera 30% do PIB”, afirmou o presidente do Sebrae, Carlos Melles.

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