Caminhoneiros continuam com interdições e afirmam que só vão recuar quando pedidos forem atendidos

Rafaela Matias
rsantos@hojeemdia.com.br
25/05/2018 às 18:29.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:16
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Apesar do anúncio de trégua feito nessa quinta-feira (25) pelo presidente Michel Temer (PMDB), os protestos dos caminhoneiros autônomos continuaram em Belo Horizonte durante toda a tarde desta sexta-feira (25). Entre os manifestantes era unânime o posicionamento de que o protesto só terminará quando as reivindicações forem atendidas. 

Um dos caminhoneiros autônomos, Lucas Lemos, de 32 anos, da cidade de Agudo, no Rio Grande do Sul, estava passando por Minas Gerais e decidiu aderir às manifestações por aqui. Ele, que transporta arroz e bobinas de aço, afirmou que os sindicatos que negociaram com o presidente Michel Temer não representam a categoria e que, ao contrário do que foi dito, os caminhoneiros autônomos não vão recuar até que as reivindicações sejam atendidas. “Queremos que a redução no preço do diesel seja publicado no Diário Oficial da União e que os governos estaduais anunciem a redução do ICMS. Se eles não têm dinheiro, que tirem dos seus salários e benefícios. Quem aceitar menos que isso, não nos representa”, disse.

Quanto ao anúncio do governo de que usará as forças armadas para conter a manifestação, o caminhoneiro afirma que não há motivos para temer e a intervenção não dará fim aos protestos. “Os militares vão dirigir os nossos caminhões? Porque vamos deixar eles desligados no meio da BR. Podem chamar os guinchos”, provocou Lucas. O caminhoneiro, porém, é a favor da intenção militar no país e acredita que essa seria a solução para dar fim aos esquemas de corrupção. “Precisamos fechar o Congresso Nacional. Aquelas pessoas que estão lá não representam o povo”, disse. 

Ailton Condé da Silva, motorista, comerciante e produtor, de 53 anos, também engrossa o movimento. Ele vinha da cidade de Rodeiro, na Zona da Mata, e trazia 400 caixas de mexericas para abastecer a Ceasa. Todo o carregamento se perdeu e o prejuízo ultrapassa a faixa dos R$ 3 mil, mas ele considerou o movimento legítimo e decidiu acompanhar os grevistas. ”Os caminhoneiros estão lutando por todos. Eu também não consigo pagar os altos preços cobrados pelo combustível. O trabalho é quase inviável”, disse. 

A inviabilidade financeira da profissão, causada pelos recorrentes aumentos do preço do combustível, também é a reclamação de Josenício dos Santos Pereira, que tem 51 anos e é caminhoneiro há 38. Ele recebe cerca de 2600 reais para trazer bananas de Jaíba, no Norte de Minas, e voltar com cereais. Os 1300 quilômetros rodados, porém, consomem cerca de 1500 reais em combustível. Com os gastos para a manutenção do caminhão, o que sobra mal dá para pagar as contas. “Por isso eu aderi à greve. Eu não queria ver o Ceasa assim, vazio, mas é necessário para as pessoas verem que a gente já não aguenta mais”, defende.

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