Carreiras em alta: demanda por profissionais da construção civil e da saúde dispara em 2020

André Santos
andre.vieira@hojeemdia.com.br
17/12/2020 às 06:50.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:19
 (ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO)

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Pesquisa realizada pela Catho – uma das maiores agências de emprego do país – mostra que a procura por profissionais das áreas da construção e da saúde esteve entre as mais requisitadas em 2020. De acordo com o levantamento, na área da construção civil, a demanda por azulejistas aumentou mais de 120%, enquanto a por encanador cresceu aproximadamente 50%. 

Já na área da saúde, a pesquisa aponta que a procura este ano foi acentuada para os cargos de médico, fisioterapeuta e enfermeiro. Segundo especialistas na área de gestão de pessoas, os dois setores tiveram sucesso no recrutamento de pessoal por não terem paralisado as atividades, mesmo em meio à grave crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus.

No segmento da construção civil, atualmente 25 mil empregos diretos estão ativos somente na Grande BH, de acordo com o Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon). Outros 20 mil postos de trabalho indiretos são gerados pela cadeia produtiva, influenciada pela atividade dos cerca de 250 canteiros de obras ativos na Região Metropolitana da capital mineira. E com a economia em retomada e demanda ainda reprimida de mercado, a tendência é a de que este setor abra ainda mais oportunidades de emprego em 2021. 

Para a coordenadora dos cursos de Engenharia das Faculdades Kennedy, Valéria Rocha de Oliveira, a necessidade do mercado por profissionais da área será crescente não só em 2021, mas nos próximos anos. “Sabemos que o país tem uma grande demanda por infraestrutura e que viveremos uma retomada econômica que não ficará restrita ao ano que vem. O crescimento de ofertas de emprego na área é algo real”, afirma.

O segmento, por ter sido considerado como atividade essencial logo no início da pandemia, não parou as atividades. A partir do segundo semestre, houve um boom na procura de imóveis por famílias de classe média que, ao iniciarem as atividade profissionais no sistema de home office, viram a necessidade de terem moradias adequadas às necessidades de trabalho. 

Segundo o Sinduscon, o percentual de venda de imóveis entre R$ 300 mil e R$ 500 mil, que representava 21% do total antes da pandemia, hoje abocanha 65% do mercado. Com isso, as empresas tiveram que ir ao mercado em busca de profissionais, mesmo que recém-formados. 

Patrícia Luiza se formou em engenharia civil na Kennedy no fim do 1° semestre de 2020 e foi contratada no mês seguinte para ser coordenadora de qualidade em uma construtora mineira. De olho na expansão, a engenheira já está pensando em fazer uma pós-graduação na área para não perder oportunidades e poder crescer ainda mais na empresa. “Hoje, o mercado exige qualificação e conhecimento prático. Quem não buscar isso fica para trás”, sentencia. DIVULGAÇÃO/ARQUIVO PESSOALFabiana Drumond, que já conquistou uma vaga como enfermeira, aposta agora na pós-graduação em gestão hospitalar

E a especialização é a grande palavra em um mercado que a cada dia passar a ser mais dinâmico e com cara de indústria. Ao contrário de tempos atrás, até mesmo para se conseguir uma vaga de servente de pedreiro as construtoras exigem qualificações voltadas à segurança de trabalho e normas de conduta nos canteiros de obra. 

Para o presidente do Sinduscon, Geraldo Linhares, o grande desafio do setor é conseguir formar profissionais que estejam prontos para as novas exigências que o mercado requer e, ao mesmo tempo, manter nas empresas aqueles que já possuem estas qualificações. “Hoje não existe mais o pedreiro; existe o bloqueiro. A dinâmica do mercado fez com que os profissionais fiquem cada vez mais especializados. E isso é um caminho sem volta”, enfatiza Linhares.

E em meio a um mercado cada vez mais competitivo, ser especialista é uma forma de garantir não só estabilidade no setor, mas também salários mais altos. Para Teodomiro Diniz, vice-presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e gestor do Senai-Minas, quem buscar o caminho da especialização colherá bons frutos.

“Um bom azulejista, por exemplo, é um profissional supervalorizado e disputado pelas empresas. Tem salário qualificado e nunca fica sem trabalhar. A construção civil é cada vez mais uma indústria e isso vai se aprofundar ainda mais”, acredita Diniz.

Devido à pandemia, procura por enfermeiros cresce a cada dia em todo do Estado

Com a pandemia de Covid, a enfermagem ganhou destaque neste ano. Profissionais se tornaram indispensáveis em meio a unidades de saúde lotadas de pacientes que requerem cuidados 24 horas por dia. 

Na opinião de Débora Cristine Gomes Pinto, coordenadora do curso de enfermagem das Faculdades Kennedy, a pandemia valorizou esses profissionais que passaram a ser vistos de forma diferente, não só pelos gestores da saúde, mas também pela população em geral.</CW> 
“A pandemia mostrou que a equipe de enfermagem é muito mais importante dentro do sistema de saúde do que se imaginava. As pessoas conheceram na prática o trabalho destes profissionais e entenderam o quão necessários eles são”, avalia.

A demanda por profissionais principalmente no auge da pandemia fez com que também os recém-formados fossem contratados e levados para a linha de frente de combate à Covid-19. 

Fabiana Drummond de Aguiar Freitas se formou em enfermagem pela Kennedy no fim do 1° semestre deste ano. Do estágio, foi direto para a contratação no Hospital Paulo de Tarso, em Belo Horizonte. Ela diz que o diferencial foi se mostrar sempre disposta a aprender novos processos e a se adaptar aos desafios. 

“É um momento completamente diferente para todos nós. Estamos vivendo um momento em que os desafios são diários, e são diversos a todo momento. Então se colocar disponível a integrar tudo isso é indispensável”, destaca.

E com a perspectiva de que a pandemia ainda deve durar mais, o mercado para o setor deve permanecer aquecido e demandando mais profissionais em 2021. 

Para Débora Cristine Gomes Pinto, os profissionais que desejam permanecer competitivos devem, em primeiro lugar, buscar atualização constante. 

“O novo coronavírus nos obriga a estar em constante atualização pois, a cada dia, estamos diante de um novo protocolo de atendimento, de novos desdobramentos das sequelas provocadas pela doença”, explica.

Pensando nisso, a enfermeira Fabiana Drummond já se matriculou em uma pós-graduação para, a partir de janeiro, se especializar em gestão hospitalar.

Para ela, o caminho é necessário para estar um passo à frente da concorrência. “O mercado é muito competitivo, não há como perder uma chance de ser contratada ou mesmo promovida por não ter uma qualificação extra”, avalia.

 

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