Caso Backer: procura por cerveja artesanal recua nos bares de Belo Horizonte

Bruno Inácio
binacio@hojeemdia.com.br
11/01/2020 às 13:49.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:15
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Impulsionado por um 2019 considerado satisfatório, o setor cervejeiro artesanal de Minas abriu 2020 com notícias que podem abalar o viés de alta. Após exames de sangue de pelo menos três de dez consumidores hospitalizados com os mesmos sintomas no Estado darem positivo para a substância dietilenoglicol (DEG), encontrada em unidades da Belorizontina, há o temor de impactos negativos nos negócios.

Nessa sexta-feira (10), o Ministério da Agricultura e Pecuária interditou a fábrica da Backer, responsável pela marca, alegando “risco iminente à saúde pública”. A preocupação maior, para especialistas do setor, é se esse fato pode impactar as vendas, ao arranhar a imagem não só das cervejarias, mas de BH, a capital dos bares. 

Demais fabricantes, por ora, não comentam o cenário. A reportagem do Hoje em Dia falou com donos de duas grandes marcas, que mesmo sob anonimato acharam melhor esperar o andamento das apurações das autoridades. “Olha, não gostaria de ser desleal com a concorrência e seria uma péssima notícia pra nós”, disse um deles.

Para o presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Carlo Lapolli, o prejuízo deverá ser temporário. “Pelo nível de excelência que temos em Minas, no controle de qualidade das cervejas, no processo de produção, que é muito fiscalizado, acredito que em pouco tempo o mercado deve absorver essa crise passageira”, afirmou.

Estratégias

Para especialistas em negócios e marketing, será necessário reposicionamento das marcas com os clientes, para evitar efeito cascata da crise. A especialista em Branding e Comunicação de Marcas pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Ida Kazue, diz que o setor pode se organizar para mostrar como o processo de fabricação acontece e até para exigir celeridade nas investigações.

“Quanto mais rápido se descobrir como ocorreu a contaminação, melhor para as marcas, porque elas podem se preparar para convencer as pessoas de como o processo é feito. Por ser uma marca que tem até o nome alusivo à cidade, é a prova de que apenas a confiança nas marcas não vai garantir retorno das vendas”, explicou. 

Nos balcões, o impacto já começa a ser sentido. Desde que os casos eram apenas boatos, donos de bares já viram cair os pedidos por cervejas artesanais. “Pela Belorizontina nem tive pedidos nesta semana. Agora, o que eu fiz foi retirar do balcão outras cervejas da Backer, para evitar perdas, porque já teve consumidor perguntando sobre isso, então acho que pega mal”, comentou o gerente de uma cervejaria no Jardim Canadá, que pediu para não ser identificado.

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