Cervejarias artesanais de Minas apostam em crescimento de até 30% nas vendas no Carnaval

Filipe Motta
fmotta@hojeemdia.com.br
08/02/2018 às 20:56.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:14
 (MAURICIO VIEIRA)

(MAURICIO VIEIRA)

Longe dos bloquinhos de rua de Belo Horizonte, as cervejarias artesanais mineiras, que ganharam fama nos últimos anos, apostam nos bares, supermercados, na folia em casa e nas festas particulares para faturar alto no Carnaval.

A expectativa é de incremento de até 30% nas vendas, mesmo correndo por fora na disputa, já que as ações da festa de Momo em BH são co-patrocinadas pela Ambev, com a marca Skol, e contam com presença forte da Heineken, que lança na praça mineira a Amstel, por meio de ações junto a mais de 20 grandes blocos.

Embora o setor não tenha um número fechado sobre a projeção de vendas, diferentes cervejarias locais apontam que a procura de fornecedores tem sido satisfatória. Já a atuação direta dentro dos blocos está inviabilizada, já que a Belotur proibiu a venda de long necks e de chope. Devido ao alto custo de produção, as empresas locais quase não trabalham com latinhas.

Uma das maiores produtoras do Estado, com cerca de 200 mil litros mensais e dona da marca Áustria, a Krug Bier prevê crescimento de 30% nas vendas deste Carnaval, em comparação à folia do ano passado. Só com a presença em eventos, tanto em operações diretas quanto em parcerias, são previstos 20 mil litros adicionais à produção mensal, incluindo a distribuição de 400 barris de chope.

“No geral, nosso cenário tem sido positivo, bem fora da curva do restante da economia. E no Carnaval não poderia ser diferente”, diz o diretor comercial da Krug, Rodolfo Viana.

Outra grande marca cervejeira local, a Backer projeta crescimento de 10% sobre o volume de vendas da festa de 2017. Com as limitações dentro dos blocos de BH, a cervejaria tem buscado marcar presença em festas em cidades do interior, como Tiradentes, onde é patrocinadora oficial, e Ouro Preto, dando suporte a alguns clientes.

“A gente colocou como meta ser efetivo em municípios que tem tradição do Carnaval, associando nosso DNA artesanal com o que a festa tem de autêntica em seus blocos e marchinhas”, diz o gerente de Vendas e Eventos da Backer, João Roberto Pires.

De menor porte, a Cervejaria Sátira foi para dentro da muvuca para ficar colada ao folião. Para isso, abriu uma pequena loja temporária, que fica aberta até o dia 19 deste mês, na rua Sapucaí, um dos points da gastronomia descolada da cidade e passagem de vários blocos do circuito Centro-Floresta-Santa Tereza.

“A forma que a gente conseguiu de se posicionar foi essa parceria, no formato pocket, na Sapucaí. A expectativa é vender 5 mil litros por lá no período da festa”, diz o sócio-fundador da marca, Eduardo Gomes. A Sátira, que conta com uma “Growler Station” na Savassi, produz em média 10 mil litros por mês.

Também de menor tamanho, a Loba projeta um acréscimo de 40% na produção do mês. “A expectativa é vender 10 mil litros no Carnaval. É uma ótima oportunidade de mostrar a marca”, diz o gerente Felipe Deflor, que cita parceria com o Bar do Museu Clube da Esquina, em Santa Tereza.


Marcas aproveitam a folia para lançamento de bebidas na capital

A Ambev aproveita o patrocínio ao Carnaval de BH para lançar e testar novos produtos no mercado. A Ambev que, ao lado da Uber, é a patrocinadora oficial do evento por meio da marca Skol, lança duas versões da Skol Beats na praça mineira durante a festa deste ano.

“É o maior momento de consumo de cerveja no país e a Skol não pode ficar de fora. Nós patrocinamos o Carnaval de BH há cinco anos e vimos um movimento muito forte a partir do ano passado. É um dos maiores carnavais do Brasil”, diz o gerente de Marketing Regional da Skol, Maurício Landi.

 FLÁVIO TAVARES


Dona da marca Áustria, a Krug Bier vai aumentar a produção de cerveja para matar a sede dos foliões

Além de Belo Horizonte, a Ambev patrocina blocos em cidades do Sul de Minas, como Muzambinho, Santa Rita do Sapucaí, além de Ouro Preto. Na capital, a ofensiva de marketing passa pela oferta dos ônibus que circulam pela região central até a implantação de uma cachoeira artificial na Praça da Estação.

Heikeken aproveita a festa para fazer o lançamento em Belo Horizonte da Amstel, que chega para concorrer em preço e sabor com cervejas do chamado segmento mainstream, como Brahma e Skol, da concorrente Ambev.

A marca já está presente em outras praças, como São Paulo, desde 2015. Na capital paulista é, inclusive, uma das principais patrocinadoras de grandes blocos, como o Acadêmicos do Baixa Augusta e Casa Comigo.
A estratégia foi replicada em Belo Horizonte, onde a marca firmou parceria com os blocos Havayanas Usadas, Chama o Síndico e Então Brilha, dentre outros, além de festas como o Baile do Distrital e o Carnaval do Mirante.

“A Amstel tem construído uma tradição legal com o Carnaval de São Paulo, desde que entrou na festa, em 2016. E como estratégia de expansão nacional, decidimos entrar em BH, que é a terceira maior praça do país, por meio da festa, que tem crescido exponencialmente”, afirma Renan Ciccone, gerente de marketing da Amstel.

Futuro

As cervejarias artesanais mineiras também querem participar da festa com maior protagonismo. Para os próximos anos, a expectativa do setor é assegurar espaços próximos aos blocos e conseguir vender a gelada artesanal aos foliões de paladar mais exigente. Uma conversa com a Belotur chegou a ser iniciada para o 2018, mas não foi à frente devido ao prazo.

“A gente espera que essa abertura se concretize para 2019”, afirma João Roberto Pires, da Backer. “Há uma demanda das cervejarias, mas também do público, que quer mais opções. A cerveja daqui virou uma das marcas da cidade”, diz Eduardo Gomes, da Sátira.

O presidente da Belotur, Aluizer Malab garante que o interesse recíproco. “Temos um carinho grande pelo setor. Para este ano temos uma parceria com a Abrasel para que espaços na cidade pudessem arregimentar produtores de cerveja. Podemos avançar num trabalho conjunto para atuarmos como pólo. Está nos nossos planos, mas não depende só de nós. Precisa muito pouco para que isso aconteça”, diz Malab.

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