Cientistas descobrem planeta semelhante à Terra

Herton Escobar
31/10/2013 às 09:51.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:48
 (David A. Aguilar/AFP)

(David A. Aguilar/AFP)

Cientistas apresentaram ontem, 30, o "retrato falado" do planeta mais parecido com a Terra já identificado fora do sistema solar. Chamado Kepler-78b, ele é apenas 20% maior e tem uma composição muito parecida com a terrestre, feita de ferro e rocha.

"É o mais próximo que já chegamos de um gêmeo da Terra. Só falta ser habitável", disse o astrônomo Jorge Melendez, do Instituto de Astronomia (IAG) da Universidade de São Paulo, que também trabalha com a busca por planetas extrassolares.

Apesar de ser rochoso, o Kepler-78b está a apenas 1,5 milhão de quilômetros de sua estrela-mãe - cem vezes mais próximo do que a Terra está do Sol -, o que faz com que sua superfície seja extremamente quente, podendo chegar a "infernais" 2,8 mil °C.

"A possibilidade de vida é zero", decreta Adriana Válio, presidente da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e professora do Centro de Radio Astronomia e Astrofísica Mackenzie.

Para ser um verdadeiro "gêmeo" da Terra, além de ser pequeno e rochoso, o planeta teria de estar na chamada "zona habitável" - ou seja, a uma distância da estrela que permitisse haver água líquida em sua superfície; uma condição básica para o desenvolvimento da vida como a conhecemos.

A proximidade do Kepler-78b com sua estrela é tão grande que o planeta completa uma volta em torno dela a cada 8,5 horas, comparado aos 365 dias do período orbital da Terra em torno do Sol.

Descrição

Localizado a 664 anos-luz da Terra, na direção da constelação de Cygnus, o novo planeta, como indica seu nome, foi detectado com base em observações do telescópio espacial Kepler, da Nasa.

Sua descoberta foi confirmada em agosto, em um estudo publicado na revista The Astrophysical Journal, em que seu tamanho era estimado em 1,16 vezes o raio da Terra (apenas 16% maior). Faltava, porém, calcular sua massa e densidade, para confirmar se era mesmo feito de rocha - algo que só era possível com novas observações em terra, utilizando espectrógrafos super sofisticados.

Foi, então, o que fizeram dois outros grupos de pesquisa, cujos resultados foram publicados ontem pela revista Nature. Eles trabalharam independentemente, usando equipamentos diferentes, no Havaí e nas Ilhas Canárias, mas chegaram às mesmas conclusões. Além de calcular a massa, eles revisaram a medida de tamanho do Kepler-78b, que aumentou para 1,17 a 1,2 vezes o raio da Terra.

Outros exoplanetas pequenos, alguns até menores do que a Terra, já foram detectados com a ajuda do Kepler, mas suas massas não são conhecidas (apenas seus raios), o que impede os cientistas de determinar densidades e composição.

"É provável que eles também sejam rochosos, mas não podemos estar 100% certos até medirmos a massa", diz Melendez.

O desafio tecnológico de fazer essas medições para planetas muito pequenos ainda é grande. Detectar e caracterizar um planeta do tamanho da Terra, à distância que ele está do Sol, por exemplo, seria quase que impossível com a tecnologias disponíveis.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://www.estadao.com.br

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