Cinegrafista da Band foi atingido por rojão de vara, diz polícia

Fabio Grellet
07/02/2014 às 18:15.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:53
 (Diego Assis)

(Diego Assis)

A Polícia Civil fluminense afirma que foi um rojão de vara o artefato explosivo que atingiu e feriu gravemente o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, durante o protesto contra o aumento das passagens de ônibus realizado na noite desta quinta-feira (6), na estação ferroviária Central do Brasil, no centro do Rio de Janeiro.

Peritos do Esquadrão Antibomba recolheram nesta sexta-feira, 7, no local em que Andrade foi atingido dois fragmentos de plástico preto que afirmam serem parte do artefato que feriu o jornalista. Os peritos fizeram um teste acionando rojões de vara e estas explosões causaram efeito visual idêntico ao que mostram as imagens registradas no momento em que o cinegrafista foi atingido. Esse tipo de artefato é vendido livremente, mas seu uso em local público depende de autorização prévia de autoridade competente, como os Bombeiros.

Durante os protestos que começaram em junho passado, tem sido comum o uso desse tipo de rojão, segundo a polícia. Na quinta-feira mesmo, antes da explosão que feriu Andrade, pelo menos um outro artefato idêntico já havia sido acionado no saguão da estação ferroviária Central do Brasil.

O autor da explosão que feriu o cinegrafista ainda não foi identificado, e a polícia pede que testemunhas do episódio prestem informações, ainda que de forma anônima. Se identificado, o autor será indiciado pelos crimes de explosão e tentativa de homicídio. Este último agravado pelo uso de explosivo.

Entidades exigem segurança

Entidades que representam jornalistas repudiaram a agressão ao cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) lembrou que ele é o terceiro jornalista ferido em manifestações este ano - as outras duas ocorrências foram em São Paulo, num protesto no dia do aniversário da cidade, 25 de janeiro.
Em 2013, 114 profissionais se feriram em todo o País durante a cobertura de protestos de rua, segundo a Abraji. Santiago Andrade permanece internado em estado grave.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio contabilizou 49 casos na cidade no ano passado. A entidade ressalta que tem sido difícil obrigar as empresas a fornecer equipamentos de segurança para os jornalistas e que o Estado precisa agir para salvaguardar os profissionais - uma vez que as emissoras de TV exploram uma concessão pública, que deve ser fiscalizada.

Em nota, a Abraji afirmou que "se faz necessária uma apuração célere do ocorrido para que procedimentos sejam revistos e para que o Estado proteja a liberdade de expressão, a liberdade de informação e o jornalista". O presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder, disse que a impunidade faz com que os profissionais continuem vulneráveis. "Não só jornalistas, mas a sociedade brasileira precisa reagir a essa crescente violência contra jornalistas. A punição tem que ser exemplar, seja quem for que tenha sido o autor".

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) considera que a agressão "constitui um atentado à liberdade de imprensa, ao direito da população de ser livremente informada e ao cidadão de exercer sua profissão".

Rede social

A presidente Dilma Rousseff se manifestou nesta sexta-feira, 07, no Twitter, sobre o caso do cinegrafista Santiago Andrade, ferido na quinta-feira, 06, durante protesto no centro do Rio: "Minha solidariedade ao cinegrafista Santiago Andrade, atingido por explosivo quando participava da cobertura de manifestação, no Rio".

Atualizada às 18h48
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