Comércio de BH resiste, mas onda virtual viraliza

Pedro Ferreira
pferreira@hojeemdia.com.br
22/06/2017 às 19:23.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:12
 (Carlos Henrique / Arquivo Hoje em Dia)

(Carlos Henrique / Arquivo Hoje em Dia)

O número de brasileiros com acesso à internet cresce a cada ano e, com ele, os empreendedores digitais e também as vendas on-line. Em Belo Horizonte, pesquisa da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio) aponta que 51,9% das pessoas conectadas à rede usam a plataforma para adquirir produtos diversos, o que confirma que além de ampliar a presença no ambiente digital, as lojas ainda podem explorar melhor essa ferramenta.

Mesmo com o aumento do comércio virtual, pouco mais de 20% das empresas do setor varejista da capital trabalha com vendas on-line, seja por plataforma exclusiva ou pela rede de lojas. Os motivos da baixa adesão são a falta de planejamento/conhecimento (37,8%), de mão de obra especializada (27%) e de tempo (21,6%).

De acordo com o economista da Fecomércio, Guilherme Almeida, os empresários devem ficar atentos a essa modalidade de transação on-line para não perder mercado ainda mais, pois mais da metade de BH já adquire produtos no ambiente virtual. “A concorrência está pulverizada, não é mais o vizinho, o estabelecimento do outro lado da rua ou do mesmo bairro. Muitos belo-horizontinos estão comprando produtos de outros estados e de outros países”, observa Guilherme

Ainda assim, o percentual de compras via internet em BH ainda é tímido, na opinião dele, mas é a tendência do mercado.

Para ele, o segmento tem se consolidado como facilitador dos negócios, tornando o processo de vendas rápido, fácil e seguro para os clientes, além de estimular a competitividade entre as empresas.

Levantamentos recentes da Ebit, empresa de consultoria referência em informações sobre o varejo eletrônico brasileiro, mostram que o comércio virtual registrou crescimento nominal (quando não se desconta a inflação no cálculo) de 7,4% em 2016, ao passo que as vendas físicas recuaram 8,7%, conforme o IBGE.

O empresário Marco Antônio Gaspar é dono de três papelarias em BH, na Savassi, Barroca e Centro. Há três anos, ele se rendeu à tecnologia e criou uma loja on-line para vender mochilas.

“Pretendo investir mais em loja virtual, diante do crescimento desse segmento no mercado. É a tendência. Shoppings e lojas físicas estão fechando as portas e migrando para o mercado virtual. É um caminho sem volta”, disse Marco Antônio, que é vice-presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de BH (CDL-BH). “Tive um retorno interessante com a loja on-line. Passei a vender fora de Minas agora”, completa.

Marco Antônio lembra que loja virtual requer investimento muito grande em marketing digital. Ainda assim, disse, é mais barato do que pagar aluguel de loja física.

Baixa adesão ao e-commerce reflete perfil conservador e desconfiado do mineiro

Mineiro tem fama de ser desconfiado e a baixa adesão do comércio varejista de BH às vendas on-line pode estar ligada a essa cultura, segundo o economista Guilherme Almeida. De acordo com ele, o empresário mineiro é mais cauteloso, pensa ou planeja demais antes de tomar decisões. Mas, acrescenta, também tem a ver com o perfil do comércio varejista.

Segundo ele, 95% do setor no Estado é composto por pequenos e microempresários e, muitas vezes, o próprio dono atua dentro do estabelecimento em diversas frentes, seja como vendedor ou no caixa. Por isso, o tempo que gasta gerenciando o estabelecimento físico é muito grande. “Esse é um dos motivos apontados pelo pequeno empresário para não atuar ainda no on-line. Existe a falta de planejamento, falta de conhecimento e também por falta de tempo”, completa.

A pesquisa revela ainda que, no fim do ano passado, o indicador de consumo via e-commerce estava em 43,8%. Atualmente, os principais atrativos do ambiente on-line são os descontos oferecidos , a praticidade de escolher e receber o produto em casa, além da possibilidade de pesquisar preços.

O estudo destaca que o primeiro critério para a escolha do site é ser uma empresa conhecida no mercado (43,1%), quesito à frente do melhor preço, opção de 41,5% dos belo-horizontinos. A indicação de conhecidos aparece em terceiro lugar, com 22,9%. As redes sociais influenciam em mais de 60% dos casos. Além disso, 72,7% dos consumidores de BH, habituados às compras on-line, já deixaram de adquirir algum tipo de produto do comércio tradicional para comprá-lo pela internet.

Quem aderiu às vendas on-line foi a Supergasbras, que acaba de lançar um aplicativo para pedido de gás de cozinha na Grande BH. O cliente pode fazer o download do aplicativo no celular e fazer o pedido, que é encaminhado para o revendedor mais próximo. A entrega é feita em até 30 minutos.

Segurança
Para uma compra on-line segura, Guilherme recomenda ficar atento à procedência do site e do estabelecimento. Além disso, ficar sempre de olho às impressões de outros consumidores. 

Editoria de Arte

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