Comércio varejista na RMBH acelera demissões no mês de março

Bruno Porto - Hoje em Dia
06/04/2015 às 09:09.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:31
 (Carlos Henrique)

(Carlos Henrique)

O comércio varejista da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) intensificou no mês de março as demissões, resultado de perspectivas pouco animadoras para o ano de 2015 e do aumento de custos em se manter um funcionário. Somente no mês passado, foram 2.569 trabalhadores dispensados, um aumento de 17,6% em comparação com o mesmo mês de 2014. No trimestre, os cortes totalizaram 6.770 contra 6.477 de igual período do ano passado, uma expansão de 4,5% no contingente de demitidos.
As informações são do Sindicato dos Empregados do Comércio de Belo Horizonte e Região Metropolitana. Segundo a diretora jurídica e de homologações da entidade, Marli de Freitas, os supermercados e lojas em geral foram os principais responsáveis pelos desligamentos. “Em março, acelerou muito o volume de homologações. Este número representa apenas trabalhadores com mais de um ano no emprego, uma vez que o restante não precisa registrar a demissão no sindicato”, disse.
A Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) projeta um crescimento do setor na capital de 1% em 2015 em relação a 2014. No ano passado, ocoreu uma expansão de 2,08% contra o ano anterior. Para o vice-presidente da CDL, Deividson Cardoso, apesar das perspectivas para o ano não despertarem otimismo, ainda não foram percebidas vendas em retração.
“Há uma contradição entre o faturamento e o nível de emprego, porque o primeiro ainda não caiu, e o segundo já. Isso pode, em parte, ser explicado pela falta de confiança do empresário na economia, que começa a fazer ajustes para reduzir custos, e isso acaba atingindo o nível de emprego”, afirmou.
O abalo na confiança do lojista, segundo Cardoso, tem origem na deterioração de alguns indicadores econômicos. “A inflação alta, o crédito caro, o dólar valorizado, isso restringe muito as perspectivas. Mas não podemos também nos antecipar e demitir porque isso gera redução de renda e impacta o consumo, afetando nosso próprio negócio”, disse o vice-presidente da CDL-BH.
Os comerciários tiveram o vencimento do dissídio em fevereiro, o que também pode ter represado uma demanda por demissões, que culminaram no maior volume de dispensas em março. O reajuste negociado é de 8% para a categoria. “Esse reajuste pode ter levado alguns lojistas a reduzir o quadro para manter a valorização salarial”, comentou Cardoso.
Outro indicador com resultado pouco animador é de inadimplência, que teve alta em março de 0,3 pontos percentuais e apresenta trajetória ascendente desde setembro de 2014, segundo dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG). Em setembro era de 5,3% e chegou a 7,2% em março.
Amis garante que dispensa de trabalhadores é sazonal
Apontado pelo Sindicato dos Empregados do Comércio de Belo Horizonte e Região Metropolitana como um dos setores que mais colocaram funcionários na rua no primeiro trimestre deste ano, o segmento de supermercado alega estar em fase de contratação.
No período de janeiro e fevereiro as dispensas aumentam por questões sazonais, aponta a Associação Mineira de Supermercados (Amis). É nessa época que os trabalhadores contratados para reforçar a equipe no final de ano são desligados. Mesmo com essa particularidade, a associação alega que não há crise ou demissões em grande volume, além da rotatividade normal.
O superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, argumentou que as demissões no setor supermercadista estão dentro do turn over (rotatividade) normal do segmento. “Somente três lojas do setor em Belo Horizonte empregam 30 mil pessoas, e temos um turn over normal de 10% no ano. Certamente outros setores que foram impactados com a crise, como automotivo e linha branca, e outros, tiveram aumento nas demissões percentualmente superior ao dos supermercados”, afirmou.
Ele explicou que a rotatividade alta se deve a características próprias do setor, em que poucos são os casos de quem ingressa em um supermercado com intenção de seguir carreira.
Investimento
Rodrigues ainda ressaltou que os supermercados em Minas Gerais estão em expansão. A projeção é de 8 mil contratações fora do turn over até o final do ano para 70 novas unidades que serão abertas no Estado. Outras 75 lojas são reformadas e também demandarão novos funcionários. O plano de investimentos do setor para 2015 é de R$ 300 milhões e a perspectiva de crescimento do faturamento sobre o ano passado é de 2%.
Desde setembro de 2014 as vendas dos hipermercados e supermercados em Minas Gerais apresentam resultados positivos consecutivos, conforme a Pesquisa Mensal do Comércio divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com último dado de janeiro.
No primeiro mês do ano, de acordo com o levantamento, as vendas foram 2,7% maiores do que em igual mês do ano passado. As receitas, nessa mesma base de comparação deram salto de 9,8%.
Crise
Conforme já foi noticiado pelo Hoje em Dia, setores como automotivo e a indústria extrativa aumentaram de forma relevante as demissões neste ano. No caso da mineração, além do fechamento de minas, já foi apurado um salto nas demissões. A média, em março, chegou a 22 dispensas por dia. Nas concessionárias de veículos, além da redução do quadro de pessoal, também houve unidades encerrando as atividades, como o caso da Vernon, concessionária Peugeot, no bairro Cidade Nova.

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