Com a Covid, comércio e serviço fecharam mais de 80 mil vagas em Minas até agosto

Marciano Menezes
mmenezes@hojeemdia.com.br
07/10/2020 às 21:28.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:44
 (ARQUIVO PESSOAL)

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Os segmentos de comércio e serviços foram os grandes afetados pela pandemia do novo coronavírus em Minas Gerais. Dados do Painel do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia mostram que os dois setores foram responsáveis pela perda de 82.333 postos de trabalho no período de janeiro a agosto deste ano, o que levou o emprego no Estado a fechar nos oito primeiros meses com um saldo geral negativo de 69.983 vagas, resultado de 973.175 contratações e 1.043.159 desligamentos.

No topo da lista de cargos que mais tiveram postos de trabalho eliminados em Minas aparece a categoria “vendedores e demonstradores” do comércio, com -29 mil empregos de saldo negativo. No setor de serviços, o maior estrago foi mesmo na área de serviços de alimentação e bebidas: somando garçons, barmen, copeiros e sommeliers (menos 10,8 mil), auxiliares de serviços de alimentação (-3,8 mil) e cozinheiros (-6,3 mil), o saldo negativo de vagas de emprego superou os 20 mil. Houve também uma perda significativa entre trabalhadores de serviços administrativos (-17 mil).

As dificuldades impostas pela pandemia levaram o garçom Luiz Henrique da Costa Lima, que mora no bairro São Gabriel, em Belo Horizonte, a abrir mão da profissão. “Desde o início da Covid, tenho procurado e não encontro serviço na área. Onde eu trabalhava fixo, em um buffet no bairro Castelo, não há mais demanda por festas. Joguei a toalha e não vou mexer com essa profissão mais não. Vou correr atrás de outras coisas. Estou pretendendo montar um depósito de material de construção com a minha irmã, aqui no bairro mesmo”, conta. Ele tem sobrevivido nesses meses com o auxílio emergencial do governo.

O economista Márcio Salvato, coordenador do curso de Ciências Econômicas do Ibmec, avalia que o setor de comércio dará uma reaquecida de agora para frente com a chegada do Natal, mas que será bem inferior a anos anteriores devido ao fechamento de várias empresas na capital. “Setor não voltará com a mesma pujança que tinha, porque muitos empresários não têm capital para reabrir”, afirma.

Em relação ao segmento de serviços, ele considera que parte da retomada virá a reboque da recuperação das empresas. “Na hospedagem é preciso grandes eventos como era antes da pandemia e vai demorar, assim como nos transportes para entrega de matéria prima. Vários setores quebraram e o aquecimento vai vir com parte da indústria e comércio”, salientou. 

Márcio Salvato avalia, no entanto, que a retomada geral do emprego em Minas nos níveis antes da pandemia só deve acontecer em meados do próximo ano. “O país deu uma parada de um ano. A recuperação não é fácil. Acredito que só lá para o meio do ano que vem”, enfatizou.

Retomada
Com o arrefecimento da pandemia, houve a geração de 48.827 postos de trabalho em Minas Gerais no acumulado de julho e agosto deste ano, resultado de 258.583 admissões e 209.756 desligamentos, segundo dados da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese). 

Os destaques ficaram com os segmentos da indústria (16.331 vagas) e a construção civil (16.428). Já houve também uma expansão nos postos de trabalho em serviços (6.978), comércio (8.194) e agropecuária (896). 

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