Com inflação e dólar em alta, economistas apontam para um 2022 de baixo crescimento

André Santos
andre.vieira@hojeemdia.com.br
11/10/2021 às 20:24.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:02
 ( Wilson Dias/Agencia Brasil )

( Wilson Dias/Agencia Brasil )

O Banco Central aumentou pela 27ª vez consecutiva a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação das famílias. Segundo os dados do Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (11), a alta acumulada em 2021 deve chegar a 8,59%. A inflação prevista é muito maior do que a meta de inflação de 2021, que é de 3,75%, e também do teto do índice determinado em 5% pelo BC. 

O pessimismo da autoridade monetária em relação à inflação não se dá apenas para este ano. A projeção do IPCA para 2022 também foi reajustada, subindo de 4,14% para 4,17%.

Para o economista do Ibmec Paulo Casaca, o aumento da inflação é puxado por fatores internos e externos. “Estamos em meio a um efeito mundial de recuperação de cadeias produtivas. A indústria em todo o mundo ainda não está em pleno vapor e não está atendendo a toda demanda, por isso, os preços estão cada vez mais altos. Ao mesmo tempo, temos questões internas que elevam a inflação, como aumento da energia elétrica, dos combustíveis”, explica o economista.

Câmbio

O Boletim Focus registrou aumento também na projeção do câmbio para este ano. Agora, o dólar deve fechar 2021 em R$ 5,25, ante R$ 5,20 do boletim da semana passada. Para 2022, a projeção é que o câmbio também fique em R$ 5,25. “É uma questão de escolha, para manter os produtos brasileiros da pauta de exportações competitivos lá fora. Como uma boa parte deste mix é de alimentos, no mercado interno, fica cada vez mais caro comprar itens como carne, frango e óleo de soja, por exemplo”, afirma Paulo Casaca.

PIB e Taxa Selic

O boletim Focus do BC também é pessimista em relação à projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2021. Segundo os dados, a expectativa de crescimento caiu de 1,57% para 1,54%. Quanto à taxa básica de juros da economia (Selic), a estimativa do mercado permanece a mesma há três semanas. Com isso, o boletim manteve a projeção do ano em 8,25%.

Para 2022, o Focus prevê uma taxa de juros de 8,75% ao final do ano. “O maior volume de dinheiro circulante em todo o mundo gerou a inflação que estamos vendo. Infelizmente, todo o investimento público que foi feito pelos governos durante a pandemia vai cobrar a conta agora, na retomada. Para conter essa debandada nos preços, eles elevam os juros, só que isso impacta no endividamento da máquina pública. Estamos em um labirinto em que crescer é algo quase que impossível para 2022”, afirma a economista Mafalda Ruivo Valente, das Faculdades Promove. 

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