Com salários atrasados, trabalhadores de obra em Confins manifestam no aeroporto

Janaína Oliveira* - Hoje em Dia
04/05/2015 às 12:03.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:53
 (Eugênio Moraes)

(Eugênio Moraes)

Com salários atrasados, operários que trabalham na ampliação da pista do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, fazem manifestação na manhã desta segunda-feira (4). Eles fecharam o portão principal de acesso à obra e afirmaram que ninguém sairia ou entraria até que a Cowan/Conserva, empresa responsável pelas intervenções, e a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) se posicionassem.

Ainda segundo os trabalhadores, cartão alimentação e passagens de ônibus não são pagos há dois meses. Mais de 100 operários estão de aviso-prévio desde o dia 2 de abril, mas a expectativa é que pelo menos 70 trabalhadores permaneçam para finalizar ao menos uma parte da obra.

Por falta de pagamento, a responsabilidade sobre as obras de ampliação e reestruturação da área de movimentação de aeronaves do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, será repassada à BH Airport, concessionária do terminal. o consórcio Cowan/Conserva, que executa as intervenções, já havia informado à estatal que paralisaria as obras a partir do dia 2 de maio.

Conforme matéria publicada pelo Hoje em Dia do último sábado (2), segundo a assessoria de imprensa da Infraero, passam então à responsabilidade da BH Airport a reforma de toda a pista, pátio e área de manobra e a construção de duas saídas rápidas de ligação entre a pista de taxiamento e a de decolagem e aterrissagem.
 
Assim, de acordo com a estatal, a concessionária pagará a despesa e o poder público fará o ressarcimento, conforme previsto no edital de concessão. A BH Airport confirmou a negociação, mas disse que os termos e as condições do acerto ainda serão definidos, inclusive com a participação da Secretaria de Aviação Civil (SAC).

Calote também prejudica empresa de consultoria da obra
 
Não apenas o consórcio Cowan/Conserva está com pagamentos atrasados por parte da Infraero. A F&T Consultores Associados, que presta consultoria no gerenciamento da fiscalização da obra, também não recebe desde o início deste ano. A Infraero disse que deve R$ 582,4 mil à empresa, em medições de fevereiro e março. Os atrasos não são recentes. Em janeiro, a empresa encaminhou ofício à Infraero informando que tinha R$ 819,6 mil a receber. Para pagar o 13º salário dos trabalhadores, a consultoria foi “obrigada a recorrer a empréstimos bancários e sujeitar a juros exorbitantes”.
 
Datado de 14 de abril, outro ofício enviado pela F&T Consultores Associados à Infraero, ao qual o Hoje em Dia teve acesso, diz que “a empresa não recebeu as faturas referentes às medições aprovadas dos meses de janeiro, fevereiro e março, e em consequência os funcionários encontram-se com os salários do mês de março em atraso, causando grandes transtornos aos mesmos, impossibilitando de cumprirem seus compromissos financeiros, bem como o sustento de seus dependentes”.
 
O Hoje em Dia esteve nas obras do pátio por volta das 16 horas da última quinta-feira. O cenário era praticamente de abandono. Nenhum operário dava expediente no horário. O que se viu foram caminhões parados e máquinas desligadas. Equipamentos como tubulação para acesso das fiações para telefone e eletricidade e transformadores para luminárias dos pátios permaneciam a céu aberto, sob risco de deterioração caso a obra seja interrompida. Um funcionário que pediu para não ser identificado contou que, nos últimos 30 dias, o trabalho acontece em escala reduzida, até às 14h. Dos quase 500 operários, pouco mais de 100 continuam o serviço em operação padrão. 

* Com informações de Bruno Moreno

 

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