Compras mais ‘salgadas’: 35% dos lojistas repassarão alta do frete para consumidor

Rafaela Matias
22/03/2019 às 21:21.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:55
 (ARQUIVO PESSOAL)

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O aumento de 8% no frete dos Correios, que entrou em vigor no início deste mês, pode afetar diretamente o preço de produtos vendidos on-line. De acordo com pesquisa realizada pela plataforma de e-commerce Loja Integrada, que entrevistou 150 lojistas virtuais em Minas, 35% dos empresários pretendem repassar o valor do aumento aos consumidores.

Outros 40% afirmaram que vão buscar alternativas de envio para fazer as entregas. Motoboys terceirizados, aplicativos e pontos de retirada são algumas das opções para tentar poupar o bolso do cliente. 

A empresária Márcia Machado, de 39 anos, faz compras pela internet pelo menos uma vez por mês. Para ela, o preço mais acessível é o maior diferencial das lojas digitais. Ela avalia que repassar o valor do frete seria um erro. 

“Quem compra pela internet não tem o conforto de experimentar a peça, de saber exatamente a qualidade do produto, então precisa ter alguma contrapartida financeira. Já deixei de comprar por causa do valor do frete e sempre dou preferência para quem não cobra”, diz Márcia Machado, que acredita que o fato de o empresário não ter custos com aluguel e funcionários cria quase a obrigação de arcar com as taxas de transporte.

Visões diferentes

Mas, entre as empresas, a visão é um pouco diferente. Elisângela Assis Campos, proprietária da Lili Vitrine, chega a gastar de 35% a 45% do faturamento com logística, dependendo da região. Ela, que despacha itens importados para todo o Brasil, está buscando alternativas para poupar a clientela, mas diz que, em alguns casos, arcar com o custo tornaria o negócio praticamente inviável. 

“Já tive uma cliente, de Manaus, que precisou pagar R$ 75 pelo frete, por um produto que custava R$ 110. Era impossível para mim arcar com esse custo, mas ela queria muito o produto e, por isso, optou por pagar”, conta. 

Para tentar driblar o aumento, que deixará os valores ainda mais salgados, ela criou alternativas. “A cada R$ 300 em compras, o frete é grátis. Para quem mora na Grande BH, dou a opção de enviar um motoboy, que pode sair mais em conta”, explica Elisângela Assis, que também busca negociar com fornecedores para tentar baixar os custos do produto final. 

Alfredo Soares, especialista em comércio eletrônico, sugere que os lojistas busquem encontrar outras formas de envio, para não ficarem reféns dos valores impostos pelos Correios. 

“Hoje, há startups que inovam neste sentido, que criam pontos de retirada em lojas, lavanderias, mercados. Temos aplicativos que facilitam o transporte dentro da cidade. O mercado precisa se reinventar”, afirma. Ele também acredita que a busca por opções fomenta o surgimento de mais transportadoras. Além disso, a segmentação pode ser viável para facilitar a logística. 

“Em vez de entregar no Brasil todo, talvez seja melhor atender apenas em determinadas regiões, para conseguir criar processos de logística mais fortes e inteligentes, com mais agilidade e frete mais barato”, diz. 

Correios esclarecem que reajuste foi menor que inflação

Os Correios afirmaram, por meio de nota, que o reajuste de 8,03% foi necessário em decorrência da inflação e que o valor está ligeiramente abaixo do IGP-M, que ficou em 8,74% no ano passado. 

“Trata-se de uma prática de mercado. A atualização dos preços não acontece somente nos Correios mas em qualquer empresa do segmento e visa cobrir perdas inflacionárias assim como reavaliar o impacto dos custos na prestação dos serviços”, afirmou a estatal, destacando ainda que a alteração nos preços é anual, disposta em contrato e prevista em lei.

Para ajudar a aliviar o impacto, a empresa vai oferecer redutores de preço de até 4% para lojas on-line que adquirirem o serviço PAC, em um contrato de varejo, e realizarem a pré-postagem de forma eletrônica. A contrapartida também começou a valer no dia 6 deste mês. 

A redução de custo será oferecida por meio do pacote básico de serviços chamado Correios Fácil, voltado para micro e pequenas empresas. A contratação pode ser feita pela internet, com opção de pagamento a prazo e sem cobrança de valor mínimo mensal.

“Melhores condições podem sim melhorar a oferta das empresas para o consumidor, visto que o valor do frete pode ser decisivo para a compra. Isso reforça o compromisso dos Correios na parceria com as micro e pequenas empresas e com o desenvolvimento da atividade de vendas pela internet no país”, disse a estatal, em nota.  

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