Consumidor muda o ritmo e coloca freio nos gastos, aponta pesquisa

André Santos
andre.vieira@hojeemdia.com.br
19/12/2020 às 05:59.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:21
 (LUCAS PRATES)

(LUCAS PRATES)

Pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que pelo menos 35% dos brasileiros pretendem reduzir o nível de consumo de bens e serviços no próximo ano. O levantamento mostra ainda que 24% dos entrevistados disseram que querem mudar certos hábitos de consumo depois da pandemia. 

Entre os motivos apresentados para a mudança nos hábitos de consumo está o temor de que a economia do país não consiga se recuperar completamente no próximo ano. Segundo a CNI, 21% dos entrevistados apontam a preocupação com a renda individual ou familiar, que pode ser diminuída. 

Para a economista Mafalda Ruivo Valente, das Faculdades Promove, a decisão em diminuir o consumo vem pela pressão em cima da renda, e não pela mudança repentina dos hábitos. “Infelizmente, o brasileiro tem uma característica consumista, ainda por cima não tem o hábito de poupar”, destaca a economista.

Mesmo com este aspecto, os dados do CNI demonstram um dado positivo. Segundo o levantamento, 14% dos pesquisados afirmam que reduziram o consumo durante a pandemia e não notaram diferença em suas vidas. Roupas, bolsas, acessórios e calçados, produtos que a maioria afirmou ter reduzido o consumo durante a pandemia, deve registrar uma retomada em 2021.

Na opinião da economista, esta sinalização pode colocar um ponto de virada no perfil de consumo dos brasileiros. “Não há prejuízo em consumir menos, pois viram que estes produtos que foram cortados não fizeram falta. Eu creio que quando essa renda aumentar, eles vão perceber que mais vale pesquisar, economizar do que comprar apenas pelo impulso”, enfatiza.

A educadora Aline da Silva Rodrigues foi um destes consumidores que pôs o pé no freio ao ver o impacto econômico causado pela pandemia do novo coronavírus. Mesmo sem ter sofrido com diminuição de renda, a educadora resolveu cortar e pretende continuar no mesmo ritmo em 2021. “Eu já não era consumista, e com a pandemia percebi que não é necessário se comprar tanto como fazemos”, explica.

Com contas mais enxutas, a educadora conseguiu aumentar até mesmo a poupança e pretende dar continuidade a este hábito no próximo ano. 

Para Mafalda Ruivo Valente, o ato de economizar é muito mais do que apenas fruto de educação financeira, mas principalmente de um processo que começa na mudança de decisão na hora da compra. “Fazer economia vem em todos os sentidos. É um ato de comprar pensando, analisando se há ou não a necessidade. Ao economizar em cada ponto, pesquisando, substituindo produtos, as pessoas acabam vendo que cada centavo faz diferença e quando menos esperam, a economia aparece sem ao menos ela esperasse”, afirma a economista.

  

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