CPI vai investigar secretário de Saúde e servidores por suspeita de 'furar fila' da vacinação

Luiz Augusto Barros
luiz.junior@hojeemdia.com.br
10/03/2021 às 16:29.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:22

Uma CPI vai ser instaurada para investigar o secretário de Estado de Saúde de Minas e servidores da secretaria por supostamente terem furado a fila da vacinação contra a Covid-19. A informação foi apresentada pelo deputado João Vítor Xavier (Cidadania), presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na tarde desta quarta-feira (10), após a declaração feita pelo representante da pasta, confirmando que foi imunizado.

Nessa terça (9), a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES) confirmou que outros funcionários da pasta, entre assessores de imprensa, funcionários de almoxarifado e outros setores, também teriam sido imunizados. Nesta quarta, o secretário participou de uma reunião especial na ALMG para prestar contas sobre a campanha de vacinação em Minas e, durante a sabatina, foi questionado sobre ter recebido a dose.

Amaral justificou que foi imunizado para dar exemplo e pela atuação no combate à pandemia, o que inclui visitas aos hospitais mineiros. Ele afirma que segue as diretrizes do Plano Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde.

“Quis ser vacinado para não parecer que eu era contra a vacina, ou que acho que a vacina não servia. Nós todos temos que ser vacinados, não concordo com nenhum movimento contra a vacinação”, afirmou Carlos Eduardo Amaral.

No entanto, a alegação do secretário não convenceu os parlamentares. Segundo João Vítor Xavier, Carlos Eduardo não tem idade compatível com a faixa etária que está recebendo as aplicações e o fato de não ter repassado à assembleia a lista dos funcionários que também teriam sido imunizados gera estranheza. 

“Se ele queria servir de exemplo sendo vacinado, por que ele não fez isso publicamente? Por que ele não convidou a imprensa e fez um ato da sua vacinação para que pudesse, sim, ser exemplo para a sociedade?”, alegou.

Além disso, o deputado questionou o fato de Carlos ter recebido a vacina antes mesmo do governador Romeu Zema (Novo). “Ele é o principal responsável pela saúde, inclusive pelo próprio secretário. São respostas que ainda não foram apresentadas”, acrescentou. 

“A rainha da Inglaterra esperou a fila de vacinação. Por que o secretário de saúde de Minas Gerais e os servidores da parte administrativa não puderam esperar?”, disse João Vítor Xavier

Por conta disso, Xavier afirmou que uma CPI para investigar os casos será instaurada. Além disso, a medida vai verificar os investimentos feitos pelo Estado durante a pandemia. O requerimento foi apresentado na Casa e já conta com as assinaturas dos deputados Ulysses Gomes (PT) e Cássio Soares (PSD). 

“O Secretário não fez o compromisso de enviar a lista dos servidores vacinados. Quem foi vacinado, quando, qual a função dessas pessoas, onde elas trabalham e porque foram priorizadas. Como ele não se comprometeu, assinamos o pedido de CPI para que, através da força legal, a secretaria tenha que apresentar essas respostas à sociedade mineira”, completou o deputado.

Questionado sobre um possível afastamento ou até mesmo a exoneração do secretário Carlos Eduardo Amaral, João Vítor Xavier afirmou que a decisão é de Zema. Por sua vez, Ulysses Gomes disse que os parlamentares não querem seguir o exemplo do Ministério da Saúde, que trocou de ministro em três oportunidades. “Isso foi uma receita desastrosa, e o resultado está todo mundo vendo no Brasil”. 

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