Cresce o mercado de trabalho para pessoas com deficiência

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
30/08/2015 às 08:43.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:33
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Embora a participação de pessoas com deficiência no mercado de trabalho ainda seja pequena – dos mais de 45 milhões com alguma limitação física ou mental apenas 357,8 mil estão empregadas –, nos últimos anos houve um aumento expressivo na inserção no mundo dos negócios. De acordo com edição de 2014 da Relação Anual de Informações (Rais) do Ministério do Trabalho (MTE), em 2012 e 2013 houve alta de 9,33% na contratação de pessoas com deficiência em Minas Gerais. O índice é maior do que a média nacional, de 8,33%.   O crescimento é reflexo da Lei 8.213, de 1991, que obriga empresas com mais de 99 funcionários a destinar entre 2% e 5% das vagas a pessoas com algum tipo de deficiência. E, se por um lado a lei beneficia o trabalhador ao garantir a ele poder brigar por uma vaga de emprego, por outro, dá aos colegas a oportunidade de conviver com essas pessoas. “Todos temos limitações. É importante saber lidar com o outro”, afirma o superintendente de Recursos Humanos do Verdemar, Leandro Pinho.   A empresa é pioneira em um projeto de inserção de pessoas com deficiências mentais mais severas, como esquizofrenia e depressão aguda, entre outros, que funciona em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Cerca de 3 mil pessoas trabalham na empresa, que possui sete unidades.   Conforme explica o superintendente de Recursos Humanos, o Centro de Acompanhamento de Saúde da prefeitura é responsável por encaminhar os currículos dos possíveis empregados à seleção do Verdemar. Os interessados passam por uma triagem e os escolhidos são encaminhados a um processo de aprimoramento realizado pelo Senac. Os cursos na entidade são intercalados com semanas de imersão no próprio Verdemar, onde o trabalho que será exercido diariamente é ensinado e praticado.   A primeira turma contou com 13 participantes. Eles atuaram como aprendizes e serão efetivados como funcionários em outubro, quando o próximo grupo começa o treinamento. Na avaliação de Pinho, a mudança no comportamento de quem participa da ação é visível. “Nossos novos empregados estão mais felizes, mais soltos. Uma fez vestibular e passou. Ela disse ‘se eu posso trabalhar eu também posso fazer faculdade’. Outra está mais feliz por contribuir com as contas da casa. Outro está namorando. Os relatos são de que além do remédio o trabalho funciona como parte do tratamento”, afirma o superintendente.   Aos 34 anos, Luciano Rodrigues Silva é aprendiz auxiliar de apoio de padaria do Verdemar, será contratado em outubro, e não se contém de felicidade. E ele já pensa no futuro. “Aprendo e ensino coisas. Quero continuar aqui, crescer na empresa. Estou muito feliz e quero que o Verdemar dê essa oportunidade a muitas outras pessoas. O trabalho é muito importante para mim”, diz.   A contratação de pessoas com deficiência na Mastermaq, empresa de desenvolvimento de software que atua nas áreas fiscal e contábil, mudou completamente de uns anos para cá. Conforme ressalta a coordenadora de Recursos Humanos da companhia, Carolina Gontijo Gonçalves, antes era comum destinar vagas específicas para pessoas com algum tipo de limitação. Hoje, as oportunidades oferecidas são as mesmas para todos.   “Claro que algumas vagas não podem ser destinadas a algumas pessoas com alguns tipos de deficiências. No entanto, ficou claro para nós que muitos deficientes apresentam desempenho melhor do que pessoas sem deficiência. Por isso, igualamos as oportunidades”, afirma. A empresa possui 380 funcionários e, por isso, reserva 3% das vagas a pessoas com deficiência.   Um desses postos de trabalho é ocupado pelo consultor de vendas Ronaldo Goulart. Cadeirante, ele afirma que já deixou de trabalhar em outras empresas pelo fato de elas não serem adaptadas. “São coisas simples, como portas mais largas, banheiro, elevador e área específica no refeitório, que empresas grandes não possuem”, comenta.   Na Mastermaq, o trabalho do consultor de vendas não se diferencia dos demais. “Moro sozinho e sou independente. Mas sei que as pessoas olham diferente para quem tem alguma deficiência, mas fazemos as mesmas coisas. Só fazemos de forma diferente”, diz.   A forma como as pessoas olham o deficiente, descrita por Goulart, é um dos motivos pelos quais as pessoas com limitações físicas e mentais costumam se excluir do mundo, segundo ele. “Quando eu cheguei na empresa, há quase quatro anos, as pessoas ficavam melindradas, não sabiam como lidar com um cadeirante. Hoje não. Elas sabem que sou como elas e tudo funciona normalmente”, comemora.   A professora de Recrutamento e Seleção de Pessoas do Ciclo Ceap (Centro de Estudos Avançados em Psicologia), Tatiana Guimarães Alves, ressalta que além do preconceito do outro, a timidez e a baixa autoestima podem atrapalhar o desempenho das pessoas com algum tipo de deficiência. “Às vezes a pessoa se acha inferior, fica insegura e não mostra quem ela é realmente”, garante Tatiana. Neste caso, ela indica um acompanhamento profissional.   Oportunidades nas empresas garantem o resgate da autoestima   A contratação de pessoas com deficiência na Mastermaq, empresa de desenvolvimento de software que atua nas áreas fiscal e contábil, mudou completamente de uns anos para cá. Conforme ressalta a coordenadora de Recursos Humanos da companhia, Carolina Gontijo Gonçalves, antes era comum destinar vagas específicas para pessoas com algum tipo de limitação. Hoje, as oportunidades oferecidas são as mesmas para todos.   “Claro que algumas vagas não podem ser destinadas a algumas pessoas com alguns tipos de deficiências. No entanto, ficou claro para nós que muitos deficientes apresentam desempenho melhor do que pessoas sem deficiência. Por isso, igualamos as oportunidades”, afirma. A empresa possui 380 funcionários e, por isso, reserva 3% das vagas a pessoas com deficiência.   Um desses postos de trabalho é ocupado pelo consultor de vendas Ronaldo Goulart. Cadeirante, ele afirma que já deixou de trabalhar em outras empresas pelo fato de elas não serem adaptadas. “São coisas simples, como portas mais largas, banheiro, elevador e área específica no refeitório, que empresas grandes não possuem”, comenta.   Na Mastermaq, o trabalho do consultor de vendas não se diferencia dos demais. “Moro sozinho e sou independente. Mas sei que as pessoas olham diferente para quem tem alguma deficiência, mas fazemos as mesmas coisas. Só fazemos de forma diferente”, diz.   A forma como as pessoas olham o deficiente, descrita por Goulart, é um dos motivos pelos quais as pessoas com limitações físicas e mentais costumam se excluir do mundo, segundo ele. “Quando eu cheguei na empresa, há quase quatro anos, as pessoas ficavam melindradas, não sabiam como lidar com um cadeirante. Hoje não. Elas sabem que sou como elas e tudo funciona normalmente”, comemora.   A professora de Recrutamento e Seleção de Pessoas do Ciclo Ceap (Centro de Estudos Avançados em Psicologia), Tatiana Guimarães Alves, ressalta que além do preconceito do outro, a timidez e a baixa autoestima podem atrapalhar o desempenho das pessoas com algum tipo de deficiência. “Às vezes a pessoa se acha inferior, fica insegura e não mostra quem ela é realmente”, garante Tatiana. Neste caso, ela indica um acompanhamento profissional.   Outro lado   Apesar da exigência de preencher as cotas, o presidente da Comissão de Direito Social e Trabalhista da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG), João Carlos Gontijo, afirma que algumas companhias têm dificuldades em contratar pessoas com deficiências. Um dos motivos seria o tipo de serviço prestado. Um exemplo, segundo ele, são as empresas de transporte pesado, cujo quadro de funcionários é composto, principalmente, por motoristas. “Há dificuldades, mas as empresas têm que se adequar”, observa.   "Não deixo a deficiência tomar conta de mim. É importante que a pessoa com deficiência procure sua independência. O limite está na mente” - Ronaldo Goulart - Consultor de Vendas   68% das pessoas com deficiência empregadas em 2013, último ano da rais, eram homens. as mulheres respondiam por 35,2%

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