Cresce o número de empresas que recorrem aos empréstimos para quitar a folha

Raul Mariano - Hoje em Dia
15/11/2015 às 09:49.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:29
 (Luiz Costa)

(Luiz Costa)

O cenário de enfraquecimento econômico e baixas reservas financeiras está levando micros e pequenas empresas a buscarem empréstimos para pagar o 13º salário dos funcionários. Em Minas, a procura por linhas de financiamento para quitação do abono de Natal e capital de giro cresceu de 10% a 15% no mês passado na comparação com o mesmo mês de 2014, segundo informações da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil.

O crescimento está ligado à chegada da data limite para pagamento da primeira parcela do 13º salário, que vence dia 30 deste mês. A segunda parcela, de acordo com a legislação trabalhista, pode ser paga até dia 20 de dezembro.
 
Dentre as possibilidades oferecidas pelo mercado, vale pesquisar as opções de juros, carência e prazo de pagamento ofertados pelas instituições financeiras.

O superintendente regional da Caixa Econômica Federal, Ronaldo Roggini, explica que há linhas específicas para financiar até 100% da folha de pagamento de pequenas empresas.

“É um tipo de recurso destinado a empresas com faturamento anual de até R$ 150 milhões. A procura aumentou aproximadamente 10% em relação ao ano passado”, explica.

Segundo o Banco do Brasil, o aumento da demanda surge porque muitas empresas dão preferência aos empréstimos bancários para não ficarem descapitalizadas, uma vez que os bancos oferecem facilidades e taxas atrativas.

“Temos um portfólio de linhas de crédito de acordo com as necessidades dos clientes. O aumento observado na procura desse tipo de empréstimo por parte das empresas é de aproximadamente 15%”, explica a assessora do mercado de pessoa jurídica do BB, Regina Célia Anselmo.

Planejamento

Para acertar na escolha da melhor linha de crédito, a dica dos especialistas para os empreendedores é manter um bom relacionamento com o banco e fazer o melhor planejamento para que o recurso não se torne uma prática comum com o passar dos anos.

O analista de serviços financeiros do Sebrae-MG, Marcelo Resende, destaca que é imprescindível aplicar o empréstimo na finalidade para a qual foi contratado. “O crédito jamais deve ser tomado para cobrir um descontrole financeiro”, explica.

A indústria mineira, que no acumulado do ano amarga perdas de 14,5% no faturamento real na comparação com o ano passado, também está buscando alternativas nos bancos para honrar os compromissos de fim de ano.

“Fechar a conta de 2015 está muito difícil e a indústria no geral está recorrendo a empréstimos porque o faturamento caiu drasticamente”, relata o presidente do Conselho de Política Econômica da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Fernandes.

- Pela primeira vez nos últimos oito anos, o número de trabalhadores com carteira assinada que vai receber o 13º salário será menor do que o ano anterior. A queda de 1,9% em relação a 2014 reflete a piora do emprego, segundo o Dieese

Pagamento do abono de Natal injeta R$ 15,4 bilhões na economia de Minas

Apesar do quadro recessivo, o pagamento do 13º salário será importante para a dinâmica econômica em todo o país, segundo projeção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Até dezembro, o benefício deverá injetar na economia um montante de R$ 173 bilhões.

Em Minas, serão cerca de R$ 15,4 bilhões. O equivalente a 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. Cerca de 8,9 milhões de mineiros receberão o benefício, sendo que os empregados do mercado formal representam mais da metade do beneficiários.

O supervisor técnico do Dieese Fernando Duarte explica que, em termos nominais (sem descontar a inflação), os valores adicionados na economia mineira são maiores do que em 2014.

“No ano passado, o valor injetado pelo 13º salário em Minas foi de aproximadamente R$ 14,1 bilhões. Se considerarmos a inflação, no entanto, praticamente não houve crescimento real em 2015”, explica.

O número de benefícios pagos no Estado também será menor em 2015. “Percebemos um ligeiro decréscimo de cerca 200 mil benefícios pagos. Isso acontece, principalmente, pela redução de trabalhadores no mercado. No Brasil, o mercado formal gerou 657 mil vagas a menos neste ano”, acrescenta Duarte.

Média salarial

Em todo o país, o montante pago para o 13º salário vai representar, aproximadamente, 2,9% do PIB.Além dos trabalhadores do mercado formal, receberão o benefício os empregados domésticos, beneficiários da Previdência Social, aposentados e beneficiários de pensão da União, Estados e dos municípios.

No total, 84,4 milhões de brasileiros serão beneficiados com um rendimento extra, que, em média, será de R$ 1.924,00. O maior valor médio do 13º será no Distrito Federal (R$ 3.590). O menor, será nos Estados do Maranhão e Piauí, que terão média próxima a R$ 1.300,00, conforme o Dieese. Em Minas, a média é de R$ 1.585,87.

Os Estados do Sudeste respondem, sozinhos, por 51,3% dos valores injetados com o 13º salário na economia do país. A região Sul concentra 15,6% do montante a ser pago, enquanto ao Nordeste ficará com 15,9%. O Centro-Oeste e o Norte, terão, respectivamente, 8,6% e 4,9%.

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