Crise e Netflix minam TV por assinatura em Belo Horizonte

Tatiana Moraes
03/06/2019 às 20:20.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:56
 (Riva Moreira )

(Riva Moreira )

Em meio à crise econômica e à expansão dos serviços de vídeo por streaming no Brasil, as operadoras de TV por assinatura têm registrado queda constante nos contratos. Em Belo Horizonte, houve redução de 5,42% na carteira, ou seja, 24,6 mil clientes a menos. Já em Minas, o declínio foi de 3,82%. No Brasil, a retração chegou a 4,80%. O recuo poderia ser ainda maior se os contratos de combos (serviços agregados) não fossem tão bem amarrados. Os dados são da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

“Tenho internet e TV por assinatura de uma mesma operadora. Tentei passar a TV para um pacote mais básico, com o objetivo de economizar, mas o valor da internet subiu muito. No fim, fica quase elas por elas”, diz o engenheiro José Fagundes.

Conforme ele, a internet custa R$ 95 e a TV R$ 187. Ao reduzir o pacote de TV por assinatura para o básico, o valor cairia para R$ 84,99, retração de 54,5%. A internet com a mesma velocidade, porém, sobe para R$ 134,99, alta de 42%. “Quase não há economia. A empresa faz de uma forma que nós ficamos de mãos atadas”, lamenta.

O geólogo e empresário Maurício Ferreira Guimarães também tentou negociar um pacote melhor na operadora e ficou surpreso com o fato de os outros serviços do combo aumentarem frente ao cancelamento da TV por assinatura. Mas ele foi em frente e abriu mão das centenas de canais que tinha à disposição.

“A redução de valores no meu pacote não foi tão significativa, mas estou economizando e achei melhor cortar. E, no fim, percebi que gastava muito tempo com TV a cabo, zapeando. Hoje, quando quero assistir a algo, vou direto no programa”, afirma. Agora ele possui Netflix, serviço de vídeos por streaming.

Streaming

Na avaliação do presidente da Teleco Consultoria em Telecomunicações, Eduardo Tude, a crise financeira puxou o número de clientes para baixo. A chegada dos serviços de streaming, no entanto, reforçou esse declínio. Ele pondera que uma retomada econômica pode mudar o quadro novamente, fazendo com que a quantidade de contratos fique estagnada.

“A chegada do streaming mudou a forma como as pessoas assistem TV. Até nos Estados Unidos foi registrada queda de contratos. Porém, 80% da população norte-americana possui o serviço. No Brasil, apenas 8% o têm”, diz. A substituição da TV por assinatura pelos serviços em streaming também podem ser verificados pelo aumento da banda larga, que subiu 2,3% entre maio do ano passado e abril deste ano. 

Preço cobrado por um produto não pode ultrapassar o do combo

A prática de aumentar o preço dos produtos quando eles são vendidos isoladamente não fere o Código de Defesa do Consumidor (CDC), conforme afirma o gerente do Procon Assembleia, Gilberto Dias de Souza. No entanto, ele destaca que o valor cobrado por um dos serviços não pode ultrapassar o valor do combo quando o mesmo é cancelado, conforme o artigo 54, da resolução 632, da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

“Se a pessoa paga R$ 100 por TV por assinatura, telefone e internet e ela decide cancelar TV e telefone, a internet não pode custar mais do que R$ 100”, explica o gerente do Procon Assembleia. 

Retornos

Por nota, Claro e Net, que são do grupo Claro Brasil, informaram que “o cliente tem a opção pela contratação individual de todos os serviços, mas quem combina os produtos fixo e móvel ganha mais vantagens, como o dobro de internet no smartphone e na Banda Larga Fixa, além de levar a melhor programação da TV por assinatura para assistir quando e onde quiser”.

Já a Sky ressaltou que não possui em seu escopo de serviços o Triple Play (TV, Banda Larga e Telefonia). “A empresa oferece TV por assinatura em todo o território nacional e a Banda Larga em algumas localidades do país. Nos combos de TV Paga + SKY Banda Larga, eles são criados a fim de trazer a melhor relação custo-benefício ao cliente quando comparado aos valores individuais”.

Em comunicado, a Vivo enfatizou que “lidera um processo de transformação digital no mercado de telecomunicações com a oferta completa de serviços fixos e móveis”.

A Oi ressaltou que foi a única empresa que não registrou queda nos últimos 12 meses. “O serviço de TV da Oi conquistou mais de 61 mil novos assinantes no período de 12 meses e fechou o mês de março com 1,59 milhão de clientes no país. Em Minas Gerais, a Oi TV também foi a única a apresentar crescimento nos últimos 12 meses, passando de 364.507 assinantes, em março de 2018, para 376.615, em março de 2019, crescimento de 3,4% no período. O bom desempenho da Oi TV vem na contramão do mercado, que registrou queda de 4,27%, no período”, diz o texto. 

Em novembro, no entanto, foi iniciado um movimento de declínio na operadora no país. Daquele mês até abril deste ano houve redução de quase 1% no número de contratos. No período, a companhia perdeu 10.727 clientes de TV por assinatura.

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