Dívidas comprometem a renda de oito em cada dez famílias de BH

André Santos
andre.vieira@hojeemdia.com.br
28/09/2021 às 19:38.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:57
 (HD Arte)

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As famílias de Belo Horizonte estão cada vez mais endividadas e com dificuldades em conseguir honrar os compromissos em dia. É o que mostra um levantamento feito pela Fecomércio-MG, divulgado nesta terça-feira (28). Pelo dados, pelo menos oito em cada dez famílias da capital mineira estão com a renda comprometida com o pagamento de dívidas. Em relação à inadimplência, 38% das famílias admitiram que não vão conseguir pagar as contas de setembro em dia.

O aumento da inflação e o achatamento da renda são apontados como os motores para que os belo-horizontinos tenham cada vez mais dificuldade para sair do vermelho. Segundo a Fecomércio, o percentual de endividamento chegou em setembro a 87,5% da população – alta de 2,7 pontos em relação a agosto – e alcançou o maior patamar nos últimos dois anos. 

O comprometimento da renda com as dívidas é ainda maior entre os que ganham mais de dez salários mínimos mensais. Nesta faixa, 88,5% das famílias de BH se declaram endividadas. “Infelizmente, as famílias estão tendo que recorrer ao crédito para complementar a renda e manter o nível de consumo. O endividamento está chegando ao limite”, explica Gabriela Martins, economista da Fecomércio.HD Arte / N/A

Cresce endividamento em BH

Inadimplência

A incapacidade em pagar as contas também segue em alta. Em setembro, a elevação chegou a 38%, o que representa 1,7% a mais que a registrada em agosto. A taxa é a maior de 2021 e supera o registrado no mesmo período de 2020, quando o índice alcançou 34,6%.

A inadimplência é ainda maior em famílias com renda igual ou inferior a dez salários mínimos, alcançando 40,3%. Já entre os que ganham acima de dez salários mínimos, o índice caí para 22,6%.

Cartão de crédito

Entre as modalidades de crédito, o cartão de crédito continua sendo a principal fonte de endividamento, com 82%. Os carnês são apontados como a principal fonte de dívidas para 21,9% dos entrevistados, seguido do cheque especial, com 9,6%; financiamento de automóveis (8,5%) e crédito pessoal (6,2%).

Sem condições de pagar

A pesquisa também mediu a condição de pagamento das famílias em relação às dívidas em atraso. Ao todo, 17,8% dos entrevistados acreditam que não terão condições de pagar os compromissos financeiros em atraso. Entre os que têm renda igual ou inferior a dez salários mínimos, o índice sobe ainda mais e atinge 20,3%.

Considerando as famílias com dívidas atrasadas, 46,8% entendem que não terão condições de honrar, no próximo mês, com os compromissos adquiridos.

Renda comprometida

Com a inflação em alta e os compromissos cada vez mais apertados, 21,7% das famílias tem hoje mais de 50% do orçamento comprometido com as dívidas. Em média, as dívidas comprometem 31% do orçamento do mês.

Para o economista Felipe Leroy, do Ibmec, existe uma tendência que a renda das famílias seja cada vez mais comprometida pelas dívidas, que são ainda mais impactadas pelas altas dos juros e dos preços. “Estamos em um cenário de aumento de inflação constante, desemprego em alta e salários que estão se deteriorando a cada dia. O salário atual já não consegue mais suprir o que pagava no início do ano. E as dívidas permanecem, só que agora indexadas a taxas de juros cada vez mais altas”, afirma o economista. 

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