Dólar nas alturas faz comércio mudar estratégia para venda de cesta de Natal

Giulia Mendes - Hoje em Dia
09/12/2015 às 07:04.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:15
 (Carlos Henrique)

(Carlos Henrique)

Com a recessão econômica, grandes empresas estão mais cautelosas e devem economizar até com as tradicionais cestas de Natal para presentear clientes e funcionários neste fim de ano. Pensando nisso, donos de distribuidoras, supermercados e importadoras diminuíram a produção ou estão apostando em diferentes estratégias para não perder vendas.

Das mais magras às mais recheadas, as cestas da Casa Rio Verde estão apenas 10% mais caras do que as comercializadas em 2014, apesar do preço dos importados nas alturas.

“Com o comércio em retração, preferimos diminuir a margem de lucro. Nosso reajuste ficou bem abaixo da alta do dólar”, conta o gerente de varejo das seis lojas da marca em Belo Horizonte, Renato Vinhal.Segundo ele, a importadora espera, no mínimo, equiparar as vendas deste ano com as do ano passado, quando vendeu cerca de 2.600 cestas de Natal. “Antecipamos as compras de vinhos e produtos da ceia para conseguir um preço melhor”, disse.

As demissões que ocorreram durante o ano também deverão impactar as vendas, na opinião do gerente de produção da Total, especializada em cestas básicas e de Natal, localizada em Contagem, na Região Metropolitana de BH. “Estamos com uma produção 40% menor este ano, na comparação com 2014, já cientes de que as empresas não comprarão tanto, principalmente porque demitiram bastante”, afirma Jaison Brandão.

Os principais clientes da distribuidora são fábricas, montadoras e revendedoras de peças de veículos. As cestas de Natal custam de R$ 25,90 a R$ 499. “Estamos com dificuldade de receber de algumas empresas que compraram cestas básicas durante o ano. Natal costuma ser a melhor época, mas a situação atual está difícil”, completou.

Investimento

Já a Casa Rio Verde resolveu aumentar a variedade de cestas para atrair um público diferenciado. São 31 opções com preços que variam de R$ 299 a R$ 3.480. Onze a mais que no ano passado. “Este ano, 21 cestas são só de vinhos selecionados. Também estamos apostando muito no e-commerce. Passamos a vender as cestas pela internet para facilitar a vida do cliente”, destacou Vinhal.

A rede de supermercados Verdemar também criou um site para a comercialização das cestas de Natal e espera um crescimento de 20% nas vendas. As apostas são os kits voltados para quem está de dieta (R$ 269,90) ou prefere produtos orgânicos (R$ 299,80).

A maioria das cestas, compostas por até 59 itens entre vinhos, destilados, mercearia e frutas secas, tem 100% dos produtos importados. “Os itens das cestas são comprados no início do ano, portanto conseguimos manter um preço equiparado ao de 2014”, garante o superintendente comercial e de marketing do Verdemar, Antônio Celso.

Preços com 270% de variação impõem pesquisa ao consumidor

Dólar mais caro e inflação são os principais responsáveis pela alta dos preços dos produtos da cesta e da ceia de Natal deste ano. Se o consumidor quiser economizar, a solução será pesquisar, já que os valores dos itens mais consumidos nesta época podem variar mais de 270% em Belo Horizonte.

De acordo com pesquisa do site Mercado Mineiro, um mesmo vinho, por exemplo, pode ser encontrado por R$ 32,80 em determinado local e por R$ 44,90 em outro estabelecimento da capital – variação de 36,9%. Já o quilo do damasco é vendido de R$ 48 a R$ 89 em diferentes locais, com variação próxima de 86,8%.

O preço de outros alimentos comuns na mesa de Natal dos brasileiros, como o bacalhau e o panetone, registrou alta superior à da inflação oficial no acumulado de 12 meses.

O quilo da ameixa seca com caroço, que no ano passado custava cerca de R$ 18, passou apara R$ 28, um aumento de 54% no preço médio.

“Aumentos que só não foram bem maiores porque o varejo está com medo, com pouco estoque e as vendas estão fracas. Mas o dólar é o maior causador destes aumentos, já que muitos produtos da ceia de Natal são importados”, ressalta o diretor-executivo do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu.

Ele recomenda que as compras sejam feitas às vésperas do Natal, próximo ao dia 20, quando os preços caem. “É a melhor data, porque vamos ter diversas promoções e queimas de estoque. Ninguém quer ficar com panetone e nozes, por exemplo, em janeiro. A compra de última hora é desesperadora para o varejo e boa para o consumidor”, disse. Mas a pesquisa não deve ser deixada de lado. “As variações superiores a 100% vão continuar”, garante Abreu.

 “Em 15 anos de pesquisas do site Mercado Mineiro, os preços dos produtos consumidos na ceia de Natal caíram com a chegada da véspera. Neste momento, há muita especulação e preços com margens mais altas para ver a reação do consumidor” Feliciano Abreu, Diretor-Executivo do Mercado Mineiro.

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