De nanico a Líder: Romeu Zema surpreende, atropela Pimentel e vai ao 2º turno com Anastasia

Lucas Simões, Tatiana Moraes*
primeiroplano@hojeemdia.com.br
08/10/2018 às 11:49.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:51
 (Montagem / William Alvaro / Divulgação / Flávio Tavares )

(Montagem / William Alvaro / Divulgação / Flávio Tavares )

Sem tempo até para digerir a surpresa nas urnas, Romeu Zema (Novo) e Antonio Anastasia (PSDB) começam hoje mesmo a traçar as estratégias para o segundo turno. Serão 20 dias para conquistar o eleitorado e garantir a vaga no Palácio da Liberdade. Os dois terão o mesmo tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV. 

O candidato do Novo chegou ao segundo turno após uma reviravolta. Estreante na política, o empresário Romeu Zema saiu da condição de nanico – em que figurou durante boa parte da campanha, segundo as pesquisas de intenção de voto – para o posto de campeão na preferência do eleitorado mineiro. Com 42,74% dos votos, atropelou o governador Fernando Pimentel (PT). Antonio Anastasia (PSDB) teve 29,05%. 

Natural de Araxá e dono do grupo Zema, o empresário virou alternativa à polarização entre PT e PSDB, que desde 2003 comandavam o Estado. Foi escolhido por 4.136.951 mineiros. 

Já o tucano, que liderava com folga todas as enquetes desde o início da campanha, ficou com 2.812.263. Nas últimas semanas, a expectativa era de que o pleito pudesse até ser decidido no primeiro turno. 

Pimentel (PT), que tentava um novo mandato, ficou com 23,12% dos votos. “Esperamos que o próximo governador do Estado mantenha os interesses dos mineiros à frente de quaisquer outros”, afirmou, em nota. 

Um Debate

A campanha de Zema foi praticamente construída na internet. O candidato do Novo tinha seis segundos de espaço no rádio e na TV e, dos quatro debates televisivos no primeiro turno, só participou de um, na Globo, no dia 22.

Na ocasião, chegou a defender apoio ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). O episódio lhe rendeu uma bronca do partido, que também tinha candidato ao Planalto. 

Questionado ontem se a associação da própria candidatura à de Bolsonaro pode ter impulsionado o desempenho nas urnas, Zema desconversou. “Minhas palavras foram mal compreendidas ali porque o que eu quis dizer foi que eleitores do Bolsonaro também votavam no Novo”, justificou.

O candidato do Novo também deixou em aberto um possível apoio a Bolsonaro. “O que posso dizer é que com o PT eu não estarei”, disse. “Mas sou um soldado do partido. Não decido nada sozinho”.

Ele reforçou as políticas que pretende implantar no Estado, caso eleito, como a privatização de empresas estatais, a exemplo da Cemig, e o corte de 80% de cargos comissionados.

Já Anastasia comemorou a saída do PT da disputa ao governo de Minas. “Os mineiros deram uma resposta ao PT, que levou Minas Gerais ao estado crítico que vemos hoje”.

O tucano afirmou que já estava preparado para ir ao segundo turno. “Agora vamos apresentar de maneira muito clara as nossas propostas. E me parece que com dois candidatos apenas, e tendo mais debates, mais inserções, e sem o PT, vamos ver o que cada candidato tem de experiência e o que ele já fez ao longo da sua trajetória”.

Três em cada dez eleitores mineiros preferiram não escolher candidatos ao governo

Em meio a um cenário que começou polarizado e terminou com uma surpresa (a ida de Romeu Zema ao segundo turno), cerca de um terço dos  eleitores mineiros preferiram não escolher candidatos ao governo mineiro. 

Com 99% das urnas apuradas, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) computava 6 milhões de abstenções, votos brancos ou nulos. 

Para se ter ideia, Minas é o segundo maior colégio eleitoral, com 15 milhões de eleitores. 

Entre os 9,6 milhões de votos válidos, 2,5 milhões foram de brancos e nulos. Somadas às 3,4 milhões de abstenções, quando o eleitor justifica os motivos para não votar, o número é de 6 milhões de mineiros que não participaram da decisão. 

Para o cientista político Paulo Roberto Figueira Leal, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, a opção está relacionada ao sentimento de descrença. 

“Em uma eleição muito polarizada e disputada, como esta, espera-se que haja comparecimento maior, porque os eleitores sabem que um único voto faz a diferença. Mas a descrença é tão grande que, desta vez, a polarização não se traduziu na redução dos índices de abstenções”, afirma. 

Segundo ele, os votos nulos e brancos aumentaram a possibilidade da vitória em primeiro turno. “Se houve dúvida sobre a possibilidade de segundo turno foi por causa das abstenções. Ela diminui a dificuldade de quem está perto de chegar na metade”, explica. Arte / Hoje em Dia / Arte / Hoje em Dia / 

*Com Rafaela Matias

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