Denúncia de mensalão em Ipatinga é entregue à Câmara

Ana Lúcia Gonçalves
04/09/2014 às 08:33.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:04
 (Leonardo Morais)

(Leonardo Morais)

A Câmara Municipal de Ipatinga, no Vale do Aço, recebeu nessa quarta-feira (03) o inquérito que acusa o vereador Saulo Manoel da Silveira (PT) e cinco assessores de fraudarem o programa federal Minha Casa, Minha Vida, cobrando um “mensalão” de possíveis beneficiários. O documento tem 600 páginas e foi entregue pelo delegado Rodrigo Manhães ao presidente da Casa, vereador Werley Glicério de Araújo, o “Ley do Trânsito” (PSD). Saulo nega as acusações.

Depois de protocolado, o documento foi encaminhado para a assessoria jurídica da Câmara, para análise. A assessoria de imprensa da Casa informou que o Regimento Interno não estabelece prazo para casos como esse e, portanto, não há data prevista para a divulgação dos resultados com as medidas que poderão ser tomadas, entre elas a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Se esta for a opção, o vereador poderá perder o mandato.

“Se fosse um requerimento, por exemplo, teríamos 15 dias para responder. Esse inquérito deu entrada como um documento comum, para dar ciência”, justificou um dos assessores. Procurado, o presidente da Câmara informou, por meio da sua assessoria de imprensa, que não conhece o teor do documento e que o encaminhou para análise jurídica, mas que depois de parecer técnico do departamento se reunirá com a Mesa Diretora para as providências cabíveis.

Segundo o delegado, a entrega do documento é uma formalidade que dá à Câmara condições de fazer o seu trabalho. “Aguardamos a decisão do MP e do Judiciário”, disse, referindo-se aos pedidos de prisões. Além de Saulo, foram indiciadas outras cinco pessoas acusadas de assessorar o vereador nas fraudes. Ainda nesta semana o Ministério Público Estadual deverá se pronunciar sobre a detenção dos suspeitos, pedida pela Polícia Civil.

O documento revela que Saulo, sua chefe de gabinete – que também é presidente do PT estadual – Uzânia Aparecida Gomes, e outras quatro pessoas cobravam taxa de R$ 3 a R$ 10 de possíveis beneficiários do Minha Casa, Minha Vida, como adiantou com exclusividade o Hoje em Dia. Em depoimento, as testemunhas contaram que eram obrigadas a trabalhar em campanhas eleitorais do parlamentar, gratuitamente, se quisessem continuar na lista de espera.

Defesa

O vereador Saulo Manoel informou que tem conhecimento das denúncias, que é inocente e que está tranquilo com relação às providências que poderão ser tomadas pela Justiça e pela Câmara. Ele planeja reunir a imprensa para coletiva nesta quinta-feira (04), às 14 horas, em local a ser definido, para falar sobre a perseguição política que estaria sofrendo.

“Sou um homem público com mais de 40 anos de serviços prestados aos pobres, morador de favela e com filhos na escola, sendo chamado de chefe de quadrilha, de quadrilheiro. Vocês (imprensa) estão acabando com a minha vida”. 

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