Legendas ameaçam expulsar dois deputados mineiros por apoio à reforma

Lucas Simões
16/07/2019 às 20:04.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:34
 (Câmara dos Deputados )

(Câmara dos Deputados )

Pelo menos dois deputados federais mineiros estão na mira dos Conselhos de Ética de seus partidos por votarem a favor da reforma da Previdência, mesmo com a orientação contrária das executivas nacionais para apoiar o projeto. No PDT, o deputado Subtenente Gonzaga diz que vai manter a posição ainda que haja risco de expulsão. Já no PSB, o deputado mineiro Emidinho Madeira diz que “não irá se calar em função do partido”.

Dos 28 deputados federais do PDT, oito votaram a favor da reforma da Previdência. A pivô nacional do mal-estar no partido foi a deputada Tábata Amaral (PDT-SP), que fez ampla campanha crítica ao texto, mas acabou dando voto favorável ao projeto. Assim como ela, outros colegas, como Subtenente Gonzaga, adotaram um discurso de “reforma necessária” para justificar o voto.

O ex-candidato à presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, foi taxativo ao defender a expulsão dos colegas que votaram a favor da Previdência, enquanto o presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, evita uma posição drástica sobre o tema. Para o deputado Subtenente Gonzaga, a postura do partido não é coerente com o recente discurso eleitoral do PDT.

“Vejo um processo natural do partido em defender suas convicções ao usar o estatuto para enquadrar (deputados). O que ocorre é que os candidatos do PDT, na campanha passada, defenderam o ajuste da Previdência. Não é algo que era proibido falar. O próprio Ciro Gomes defendeu a reforma da Previdência”, ataca Gonzaga.

Hoje, a Executiva Nacional do PDT se reúne com o Conselho de Ética do partido para discutir as possíveis punições aos parlamentares. Segundo o estatuto do PDT, após a reunião, há prazo de até 45 dias para que os deputados se defendam. 

Na última segunda-feira, o PSB abriu um processo no Conselho de Ética para deliberar sobre a expulsão dos 11 deputados federais que votaram a favor da reforma e também deverá levar até 45 dias para um desfecho. Em 2017, o partido tomou a mesma atitude contra 17 deputados federais favoráveis à reforma trabalhista, refutada pelo PSB — os deputados questionaram o processo na Justiça e acabaram deixando o partido por conta própria.

Mantendo a mesma postura relativa à reforma trabalhista, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, se referiu aos deputados da legenda favoráveis à reforma da Previdência como pessoas que “traíram os ideais do partido”. 

Para o deputado mineiro Emidinho Madeira (PSB-MG), porém, a pressão da Executiva Nacional não vai influenciar sua posição. “O partido tem o direito de se reunir, debater. Mas a reforma é essencial. Não vou me calar”, disse Emidinho.

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