Dilma amplia frentes para influenciar deputados

Thiago Ricci - Hoje em Dia
13/12/2015 às 08:25.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:19
 (Wilson Dias/Agência Brasil)

(Wilson Dias/Agência Brasil)

Na guerra do impeachment, o governo federal decidiu reforçar a artilharia fora da Câmara com o objetivo de ampliar as frentes com um único fim: influenciar os congressistas e, assim, evitar o processo de cassação da presidente Dilma Rousseff (PT).

Para a quarta-feira (16), um ato contra o impedimento está previsto por sindicatos e movimentos sociais. Na última semana, Dilma e sua equipe atraíram o apoio da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), de intelectuais e de 16 governadores das 27 unidades federativas do país.

O episódio da carta pública dos gestores estaduais ilustra a estratégia do governo. Sem a força de outrora, os governadores não têm a mesma ascendência sobre as respectivas bancadas na Câmara que possuíam entre a década de 1990 e início da de 2000.

“Porém, simbolicamente é importante para a Dilma Rousseff ter acontecido esse apoio porque o julgamento sobre o processo não é técnico, mas político. E esse tipo de manifestação dá argumentos políticos”, diz o cientista político Malco Camargos. Ele avalia que a influência sobre os deputados federais é maior pela União, enquanto a pressão sobre os estaduais é predominantemente dos governadores.

“Os gestores estaduais já tiveram mais influência sobre as bancadas. Por outro lado, eles foram eleitos recentemente, há praticamente um ano, e ainda têm representação legítima na sociedade. Têm um peso político, uma opinião mais qualificada, que pode aglutinar a outros grupos de pressão na sociedade, como intelectuais, juristas”, diz a professora de Sociologia da PUC-Minas Antônia Montenegro.

Os 16 estados cujos governadores prestaram apoio a Dilma aglutinam 298 deputados. Desses, 192 são de partidos indecisos, rachados ou cujos líderes não têm posição quanto ao impedimento. “Não se pode ignorar que tenha peso.

Mas o peso do cidadão que elege deputado e senador é maior”, diz o deputado federal Domingos Sávio, presidente do PSDB em Minas.

Dos 11 demais gestores, quatro ainda estão em cima do muro

Dos 11 governadores que não declararam apoio a Dilma, os seis tucanos são favoráveis ao impeachment. Dos cinco restantes (quatro do PMDB e um do PROS), apenas o peemedebista Marcelo Miranda (TO) se posicionou. “Não defendo o impeachment da presidente Dilma, especialmente pelo fato de defender o processo democrático, decorrente do resultado das eleições. Os argumentos para a quebra do resultado das urnas devem ter respaldos cabíveis e legais”, diz Marcelo Miranda.

Seus três correligionários preferiram ser imparciais. Confúcio Moura (RO) não quis dar declaração. “Espero que as instituições funcionem dentro da mais rigorosa legalidade. Não cabe a mim fazer juízo de mérito sobre o processo de impeachment, que deverá ter seu transcurso no esteio de todas as garantias constitucionais existentes”, diz José Ivo Sartori (RS).

“O que se espera é que o Congresso cumpra os ritos democráticos e, se ficar comprovado que houve responsabilidade da presidente, que a Constituição seja aplicada. Mas se essa responsabilidade não for comprovada, é preciso ter capacidade de sair do buraco em que a crise política jogou o país”, diz Paulo Hartung, do Espírito Santo. José Melo (PROS), do Amazonas, seguiu caminho semelhante.

 
 

   

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