
Prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. O antigo provérbio é uma boa orientação de especialistas em direito do consumidor para o boom de empresas que começaram a oferecer em Belo Horizonte empréstimos no cartão de crédito, com promessa de a pessoa sair com o valor requisitado, em espécie, na hora.
Não só por causa das taxas bem mais elevadas que a Selic, definida pelo Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central e que dita a política de juro no país, como a desconfiança se as empresas têm aval do próprio BC ou alguma financeira como garantidora.
Atualmente, a Selic está em 5% ao ano, no menor patamar da série histórica. Já empresas que ofertam dinheiro na hora cobram até 40% ao ano.
Num exemplo hipotético, a pessoa procura alguma empresa, sai com o dinheiro em mãos e passa o cartão de crédito parcelado. Pagará, claro, uma quantia muito maior do que o valor recebido.
O jornal Hoje em Dia mostrou ao coordenador do Procon da Assembleia de Minas Gerais, Marcelo Barbosa, ofertas anunciadas por algumas empresas que operam no Centro da capital.
A primeira análise foi curta: “É brincadeira! Operação de altíssimo risco”.
Em seguida, Barbosa acrescentou: “O Procon não aconselha fazer a operação. É preciso ter contrato, financeira. Se alguém fez a contratação, é um caso de polícia. Quem são estas pessoas?”.
A também advogada Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste, aconselha o consumidor a desconfiar de crédito fácil.
“Primeiro é sempre muito bom saber quem são estas empresas. Elas têm reclamação no Procon? Quem não tem liquidez acaba procurando o crédito fácil. Só que o consumidor tem de avaliar muito bem a oferta e quem a oferece”, reforça a coordenadora da Proteste.
Ela não descarta nem a possibilidade de a pessoa, no momento do aperto, estar entrando na cilada de informar os dados pessoais a fraudadores.
“Antes de utilizar, tem que saber quais são as condições que estão oferecendo o empréstimo. Outra coisa: pesquise no site do Procon se não há reclamação contra as mesmas. Faça uma busca. É preciso saber se está tudo legalizado”, acrescentou Dolci.
Por fim, ela lembra que o empréstimo fácil pode se tornar uma bola de neve, mesmo que a empresa seja legalizada: “A pessoa terá o dinheiro para pagar a fatura do cartão no próximo mês?”.