'Diversidade' domina discursos dos vencedores do Oscar 2016

Estadão Conteúdo
01/03/2016 às 08:18.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:37
 (ADRIAN SANCHEZ-GONZALEZ)

(ADRIAN SANCHEZ-GONZALEZ)

"Diversidade" é a palavra do momento em Los Angeles. Desde o encerramento da festa da Oscar, na noite de domingo, 28, quando os ganhadores da cobiçada estatueta participaram de entrevistas coletivas, até a manhã de segunda, 29, quando a vitória de Leonardo DiCaprio dividia atenção com o discurso do apresentador Chris Rock nos principais programas de TV, Hollywood fez questão de se revelar democrática e complacente. Melhor: quis mostrar que está antenada com os problemas mundiais.

Rock partiu para o ataque e defendeu a Academia das acusações de relegar a segundo plano atores negros na lista de indicados. Em vários momentos da festa, ele tanto ironizou os comentários negativos ("Nos anos 1960, os negros não reclamavam disso, pois estavam muito mais preocupados em reclamar de outros assuntos") como contou com o apoio de colegas importantes.

"Ele deve estar mais aliviado agora", comentou, na segunda, 29, de manhã, Whoopi Goldberg, que não atendeu ao boicote proposto por Will Smith e compareceu à cerimônia, usando, aliás, um vestido inspirado no consagrado por Bette Davis, em A Malvada. "Tudo o que Chris fala é explosivo e, dessa vez, veio na medida certa." Whoopi já apresentou o Oscar em outras cerimônias, assim como a comediante Ellen DeGeneres que, tão logo encerrada a festa, comentou no Twitter: "Sensacional, Chris". Também pelas redes sociais se pronunciou Oprah Winfrey: "Chris, agora respira".

Debate

Na entrevista coletiva logo depois da cerimônia, o cineasta mexicano Alejandro G. Iñárritu, que conquistou seu segundo Oscar seguido como diretor, estendeu o assunto. "Acredito que o debate não se resume a branco ou negro, pois a diversidade inclui também o marrom", disse. "Somos amarelos, índios, latinos. Diversidade, portanto, é muito mais que um ou outro, não podemos polarizar o assunto e ignorar a complexidade e a beleza deste país tão misturado. É um absurdo que ainda sejamos arrastados por esses preconceitos e pensamentos tão tribais."

Ao lado de Iñárritu, cuja conquista foi muito festejada no México, Leonardo DiCaprio mantinha a expressão aparentemente tranquila que exibiu ao longo da jornada, ainda que, depois de premiado, tenha confessado que o domingo foi um dos dias mais tensos de sua vida. Ele reforçou os argumentos do cineasta, elogiando seu trabalho e também do diretor de fotografia Emmanuel Lubezki, também mexicano e que, no domingo, 28, conquistou seu terceiro Oscar seguido. "Estou muito orgulho de ter trabalhado com esses caras. Essa é a cara de Hollywood e é assim que tem de ser", afirmou.

Meio ambiente

DiCaprio, que foi aplaudido de pé pelos colegas ao receber a estatueta, continuou, na conversa com os jornalistas, o discurso ambientalista que iniciou ainda no palco. "A mudança climática é real, está acontecendo agora", argumentou. "Essa é a ameaça mais urgente para a nossa espécie, devemos trabalhar coletivamente para refreá-la. Precisamos apoiar os líderes mundiais que não falam a favor de grandes poluidores ou grandes corporações."

Efeitos políticos, de fato, foram provocados por outras premiações. Na segunda, 29, um tribunal do Paquistão condenou dois irmãos que, há seis anos, assassinaram a própria irmã por ter se casado com alguém fora do interesse deles. "É a força desse Oscar", festejou a cineasta Sharmeen Obaid-Chinoy, que ganhou pelo documentário de curta-metragem A Girl in the River: The Price of Forgiveness, sobre uma menina que sobreviveu a um tiro na cabeça disparado pelo pai, também descontente com o casamento da moça.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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