Divisão do tempo de propaganda eleitoral gratuita traz desafio para candidaturas

Rodrigo Gini
Hoje em Dia - Belo Horizonte
02/10/2020 às 00:09.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:41
 (TRE-MG)

(TRE-MG)


A regra é clara. E diz (Lei nº 9504/1997) que o tempo da propaganda eleitoral gratuita de rádio e TV para as eleições municipais de novembro é proporcional ao número de representantes de cada partido na Câmara dos Deputados. A Emenda Constitucional nº 97/2017 ainda trouxe mais uma exigência: a de que a legenda tenha superado a chamada cláusula de barreira (ou de desempenho), com pelo menos 1,5% de votos em um terço dos estados. O que explica situações como a da corrida à Prefeitura de Belo Horizonte, em que alguns candidatos terão quase 20 minutos por dia, entre o programa eleitoral e as inserções na programação normal, e outros, pouco, ou nada. As exibições vão começar no dia 9 e prosseguem até 12 de novembro,

Como atingir o eleitor tendo, por exemplo, apenas 14 segundos para passar o recado? O especialista em marketing político Marcelo Vitorino tem a receita pronta: "Tenho pouco tempo aqui para apresentar propostas, mas quero conversar com você nas ruas e na internet. Mande seu nome e bairro para meu zap e vamos falar por lá", sugere. Para ele, com a possibilidade de se valer da internet e das redes sociais, é o caminho para maximizar o que se tem à disposição. Ele brinca inclusive com um dos nomes mais lembrados quando se fala na propaganda gratuita: o do falecido Enéas Carneiro, fundador do Prona e candidato inclusive à presidência da República. "Atualmente, ele certamente passaria o endereço do seu Twitter".
Mesma opinião do cientista político Adriano Cerqueira. Ele lembra que, com o elevado número de chapas (15, das quais 11 terão acesso ao rádio e TV), o desequilíbrio entre as candidaturas fica menor, considerando o tempo fixo da propaganda. "Mesmo quem tem pouco tempo pode aproveitar bem se souber articulá-la com o trabalho nas redes sociais".

Criatividade
É justamente pensando na ajuda da internet e na campanha de rua (ainda que reduzida e condicionada pela pandemia) que os candidatos nessa situação se mostram tranquilos e esperançosos de transmitir propostas e ideias. Se os detalhes ainda estão em definição e são guardados a sete chaves, a promessa é de se valer da criatividade. "Estamos contando com a colaboração de artistas da cidade e de uma equipe audiovisual incrível, que vai fazer do nosso tempo de TV um lugar de respiro, criatividade e alegria para o debate político. Poucos candidatos concentram mais da metade do tempo de TV. Os programas completos com nossas propostas vão ser divulgados online", garante a deputada federal Áurea Carolina, do PSOL.
Caminho que também será seguido por Rodrigo Paiva (Novo). "Vamos aproveitar muito bem os 14 segundos que teremos na propaganda gratuita. Independentemente do tempo de horário de TV, vamos usar as melhores formas de passar nossas mensagens para que as pessoas conheçam nossas ideias para dar mais dignidade à população. 

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 "Meu nome é Enéas"

"Meu nome é Enéas". Assim terminavam os poucos segundos das inserções do médico Enéas Carneiro nas campanhas eleitorais dos anos 1980 e 1990. Fundador do Partido da Reunificação da Ordem Nacional (Prona), ele fez história ao passar suas ideias e propostas de forma rápida e enfática, sempre fechadas pelo tradicional bordão. Se não conseguiu ser eleito nas disputas majoritárias, chegou à Câmara dos Deputados em 2002 como o mais votado do país. O formato acabou repetido por outros candidatos da legenda, que sempre faziam questão de deixar clara a ligação com o inspirador. Que foi reeleito em 2006, mas não concluiu o mandato - faleceu no ano seguinte, vítima de leucemia.

  

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