Economia insignificante na conta de luz; reajuste da tarifa terá pouco impacto no bolso

Tatiana Moraes
21/03/2019 às 20:53.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:54

A notícia de que o reajuste nas tarifas de energia das concessionárias nacionais seria 3,7% menor deixou muitos consumidores felizes. Especialistas alertam, no entanto, que a conta de luz vai continuar subindo e que o resultado é ínfimo, impactando em poucos pontos percentuais para baixo. “Não é motivo para comemorar. O consumidor deveria estar indignado por ter que pagar esse valor por quatro anos”, alerta Roberto D’Araújo, consultor do setor energético e ex-conselheiro de Furnas.

Se o reajuste da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) fosse de 10% em 2019, por exemplo, a redução de 3,7% impactaria em 0,37 ponto percentual. Ou seja, a conta aumentaria 9,63%, ao invés de 10%. Além disso, a redução no índice vem depois de a conta da Cemig sofrer elevação de 23,19% em 2018, uma base de comparação forte.

O anúncio da redução no reajuste foi feito na última quarta-feira pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo a Agência Reguladora, um acordo foi realizado entre as representantes do setor elétrico brasileiro e os bancos credores para antecipar um pagamento de R$ 8,4 bilhões, que venceria no ano que vem. 

Esse montante, que era de R$ 37 bilhões a valores de 2014, quando o empréstimo foi realizado, serviu para pagar as concessionárias que estavam descontratadas, ou seja, sem energia. O problema é que o déficit foi repassado à conta de luz e sobrou para o consumidor arcar com o rombo. 

Um alívio

Agora, como o pagamento do empréstimo foi antecipado, a conta de luz vai ter um alívio. “Todos os consumidores, com exceção de Roraima, que não faz parte do Sistema Integrado Nacional (SIN), estavam pagando essa conta. Era uma taxa a mais que nós pagamos”, explica o diretor da TR Soluções, Rodrigo Mota.

Segundo Roberto D’Araújo, há um desencontro entre o que é estimado para abastecer o país em termos de reservatório de água para geração elétrica e a demanda.

Quando chove pouco, as empresas não conseguem gerar o suficiente e precisam recorrer ao acionamento das usinas térmicas, que funcionam por meio de combustíveis fósseis, como óleo e carvão, que são mais caros que a água, que abastece as hidrelétricas. E é aí que está o perigo.

“Se falta água nos reservatórios, precisamos recorrer às térmicas para suprir a demanda. No passado, foi feito um empréstimo para salvar as concessionárias. Agora, temos as bandeiras tarifárias, que aumentam consideravelmente as contas de luz”, critica. 

A Aneel explica que a redução específica no aumento de cada concessionária somente será conhecida na data da correção da tarifa. A Cemig, no caso, tem as tarifas ajustadas em 28 de maio. O índice que for definido vigora até maio de 2020. No ano que vem, aliás, haverá nova retração no reajuste. Dessa vez, menor ainda, de 1,2%.Editoria de Arte

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