Pesquisa mostra que apenas 26% dos belo-horizontinos gastam conforme o previsto

Paulo Henrique Lobato
phlobato@hojeemdia.com.br
22/01/2020 às 21:18.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:23
 (RIVA MOREIRA)

(RIVA MOREIRA)

Sete em cada dez consumidores de Belo Horizonte planejam os gastos, mas apenas 26,7% deles conseguem seguir à risca o que foi programado. 

A disparidade faz parte de uma pesquisa da Fecomércio-MG, cujas entrevistas foram realizadas em dezembro passado, e serve de alerta para que o morador da capital tenha maior consciência do próprio gasto, sob risco de o desequilíbrio comprometer a saúde financeira do orçamento doméstico.

Um dos motivos desse resultado, acredita o economista-chefe da entidade, Guilherme Almeida, pode ser a chamada compra por impulso. “É importante que as famílias criem o hábito de alinhar as receitas e as despesas constantemente, colocando todos os valores no papel ou em planilhas digitais. São ações simples, mas que fazem a diferença no orçamento doméstico”.

O supervisor de vendas Alisson Duarte Jácome, de 35 anos, é um dos moradores da cidade que seguem a recomendação do economista. No início de cada mês, ele põe na ponta do lápis os gastos e as despesas da família: “Anoto o que entra e as contas fixas, como a de energia e a da escola do filho, e faço uma média dos compromissos variáveis, como cartão de crédito. Esse controle é importantíssimo”.

O cartão, aliás, leva muitos consumidores a cometerem um erro: usá-lo como complemento de renda. Pode ser a guilhotina para o orçamento doméstico. “Algumas pessoas não têm noção de que isso irá comprometer a renda futura”, alerta o economista. 

Não é o caso de Jácome, o supervisor de vendas. Precavido, ele evita o crédito, pois tal recurso, a prazo, pode tornar-se uma bola de neve. Esse tipo de transação econômica é a que tem o maior peso (33,7%) nos compromissos financeiros das famílias de BH, segundo a pesquisa da Fecomércio.</CW><CW-35>“O ideal é a pessoa pagar à vista no dinheiro ou no débito, o que pode até render (poder de barganha) para descontos”, sugere Jácome.

A consciência e o planejamento garantem ao supervisor de vendas uma quantia a ser poupada mensalmente. Essa, contudo, é uma realidade para a minoria dos consumidores da capital mineira. Do total de entrevistados, 44,2% conseguem planejar o orçamento familiar e ter alguma sobra em dinheiro no fim do mês. Tal percentual é menor do que o de 12 meses antes. Em dezembro de 2018, a maioria (51,1%) conseguia poupar.

A diferença pode ter migrado para o perfil das pessoas que conseguem pagar as contas em dia, mas que ao fim do mês não vêem sobra para economizar. De dezembro de 2018 ao mesmo mês de 2019, tal percentual subiu de 30% para 35%.

Entre as despesas que mais oneram o orçamento estão a energia elétrica (46,2%), alimentação/supermercado (44,1%), água (30,2%), aluguel (18,1%) e internet banda larga (12,8%). 

 Mesmo menos atrativa, poupança ainda tem boa procura

Embora a caderneta de poupança não tenha mais o peso de alguns anos antes em razão da queda da Selic (taxa de juros do Brasil), que atingiu em dezembro o menor patamar da série histórica (4,5%), ela continua como a principal modalidade de economia entre os consumidores de BH que conseguem chegar ao fim do mês com alguma quantia no bolso.

A Fecomércio-MG apurou que 32,6% dos que poupam aplicam o dinheiro na velha e boa caderneta.

A mesma quantidade de pessoas usa a sobra do mês para lazer. Seja qual for o destino do dinheiro – quando sobra –, o planejamento continua sendo a palavra-chave para quem não deseja chegar ao fim do mês com dívida.

Jailon Giacomelli, planejador financeiro da Par Mais, usa a metáfora do efeito sanfona entre pessoas que lutam contra a balança para mostrar a importância de o mesmo não acontecer com as finanças domésticas.

Para isso, recorre a um trecho do livro “A Semente da Vitória”, de Nuno Cobra: “Em minha longa experiência com as pessoas acima do peso, enquanto eu não emagreci sua cabeça, não tive grandes resultados com seu corpo”. 

“É comum encontrarmos pessoas que ficaram novamente endividadas, depois de passar por um longo e intenso processo de contenção de gastos, quitação de dívidas e reequilíbrio financeiro. Concluímos com isso que um planejamento financeiro se torna efetivo somente quando modifica a forma pela qual a família enxerga o dinheiro e se relaciona no dia a dia com os desejos de consumo”. 

Segundo ele, caso contrário, o problema estará resolvido apenas momentaneamente. “Isso acontece porque a família, ao perceber que voltou à uma situação de equilíbrio e ver a conta novamente no azul, decide realizar de uma só vez todos os desejos reprimidos nos tempos de ‘torneira fechada’. Resultado: novas dívidas, novo aperto financeiro e nova necessidade de cortar despesas”.

 Editoria de Arte

  

  

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