A S&P e os nossos riscos

Hoje em Dia
26/03/2014 às 08:39.
Atualizado em 18/11/2021 às 01:45

A agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) divulgou na segunda-feira (24), após o fechamento do pregão na Bovespa, que rebaixou a nota do Brasil, de BBB para BBB-, e que fará nova avaliação só no ano que vem. Com essa nota, que equipara o Brasil à Espanha, com a diferença de que aqui não há desemprego elevado, continuamos um país seguro para investir.

Não há, portanto, motivos para grandes preocupações, mas o rebaixamento serve de alerta importante para o governo – e não apenas o federal: a corda das despesas pode romper o orçamento, se continuar sendo esticada insensatamente. Não será isso o que deseja a Mesa Diretora da Câmara Municipal de Belo Horizonte, com o reajuste dos salários de seus servidores...

A S&P foi a primeira das três grandes agências internacionais de classificação de risco a elevar a nota do Brasil para o grau de investimento. Isso ocorreu em 30 de abril de 2008. Portanto, quase cinco meses antes da quebra do banco Lehman Brothers, dos Estados Unidos – não prevista pela S&P –, que marcou o início da crise financeira mundial. A avaliação positiva foi acompanhada mais tarde pela Fitch e pela Moody’s, que ainda não deram sinais de que vão reavaliar o Brasil.

Os fundos de investimento internacionais, que continuam se baseando nessas notas das agências de classificação de risco para respaldar seus investimentos, devem continuar investindo no Brasil. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, divulgou nota, logo após o anúncio da S&P, declarando que a redução da nota é “contraditória com a solidez e os fundamentos do Brasil”.

Não é o que pensam os políticos que se preparam para concorrer com a presidente da República nas eleições de outubro. O pré-candidato do PSDB, Aécio Neves, em nota, afirmou que a decisão da S&P “coroa uma temporada de equívocos cometidos pelo governo da presidente Dilma Rousseff na área econômica, mas não só nela”. O pré-candidato do PSB, governador Eduardo Campos, lembrou que em 2008 o governo festejou a decisão da S&P, e não pode agora minimizar a nova decisão. Segundo Campos, os problemas apontados são bem conhecidos pelos brasileiros.

São eles, segundo a agência: deterioração das contas públicas, perspectivas de baixo crescimento e piora no déficit nas transações comerciais com outros países. Na segunda-feira, o Banco Central elevou sua estimativa para o déficit nas transações correntes deste ano, de US$ 78 bilhões para US$ 80 bilhões (3,6% do PIB). Acrescentando, porém, que o Brasil continuará a receber investimentos estrangeiros, em volume suficiente para cobrir o déficit.

A S&P rebaixou, na mesma data, as notas de três empresas brasileiras – as estatais Eletrobrás e Petrobras e a Samarco, subsidiária da Vale. Todas têm condições, como o Brasil, de recuperar a posição perdida.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por