Agência rebaixa nota da principal parceira da Petrobras para "calote seletivo"

Folha Press
23/03/2015 às 19:32.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:27

A agência de classificação de risco Standard & Poor´s rebaixou a nota da Sete Brasil, principal parceira da Petrobras para a exploração do pré-sal, para SD (calote seletivo).

O motivo foi o não pagamento de US$ 250 milhões que haviam sido emprestados pelo britânico Standard Chartered e haviam vencido no dia 17 de março.

Como antecipou a Folha de S.Paulo na semana passada, o banco acionou o fundo garantidor do setor naval para receber sua parte no "seguro contra calote". O Standard Chartered fez parte de um grupo de bancos estrangeiros que, juntos, concederam R$ 2,6 bilhões à Sete, empréstimos que já tinham sido renegociados anteriormente.

A agência afirmou que ainda é possível um acordo entre a empresa e outros credores, mas que os riscos são maiores, já que a Sete não tem garantido o financiamento de longo prazo.


ENTENDA O IMPASSE 

A Sete Brasil foi criada com a promessa de que haveria financiamento de longo prazo do BNDES, que já deveria ter liberado US$ 9 bilhões à companhia.

Um dos principais projetos do governo Dilma, ela gerenciaria a construção de 28 sondas para uso na exploração do pré-sal.

A empresa, no entanto, entrou na investigação da Operação Lava Jato após Pedro Barusco, ex-diretor de operações, confessar ter cobrado propina dos estaleiros contratados para fazer as sondas -reproduzindo na Sete os desvios praticados na Petrobras quando foi gerente da estatal.

A partir daí, o banco de fomento segurou o desembolso do empréstimo de longo prazo.

Para manter as operações enquanto esperava os recursos do BNDES, a Sete contraiu um empréstimo de curto prazo de R$ 12 bilhões, de um grupo de bancos nacionais e estrangeiros.

A maior parte dessas dívidas já venceu, e a Folha de S.Paulo apurou que o BNDES não pretende liberar o dinheiro diretamente para a empresa.

A proposta do banco de fomento é repassar o dinheiro aos bancos credores, que assumiriam o risco. Santander, Itaú e Bradesco, que fazem parte do grupo credor, tentaram deixar com a Caixa e o Banco do Brasil a tarefa de financiar a Sete. Na reunião realizada na última semana, os bancos públicos admitiram estudar o negócio, desde que o valor fosse inferior a US$ 9 bilhões.

Para isso, a Sete precisaria encolher, reduzindo o número de sondas inicialmente planejadas.

O Santander e o Bradesco, que além de credores são também sócios do empreendimento, aceitam uma redução no projeto, mas não querem que ela seja drástica a ponto de comprometer o retorno dos R$ 8,3 bilhões que investiram.

VIABILIDADE

Analistas do mercado acham que o BNDES pode também ter passado a duvidar da viabilidade do projeto.

A Sete foi criada numa fase em que o barril de petróleo estava acima de US$ 100. O preço despencou para US$ 55.

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