Alta tecnologia médica produzida em Nova Lima

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
17/08/2014 às 09:27.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:49
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Por detrás dos morros de Minas Gerais, mais precisamente no bairro Jardim Canadá, em Nova Lima, está sediada a única fabricante de equipamentos de raio X de tecnologia de ponta do Brasil. Com 21 anos de mercado, a Sawae, que está presente em hospitais e clínicas de todos os estados do país, inclusive veterinárias, se prepara para lançar, no início do ano, um mamógrafo de alta tecnologia. Assim como o raio X, o equipamento também é o primeiro a ser produzido em solo tupiniquim com elevado grau de inteligência.   Em desenvolvimento há três anos, o mamógrafo está em testes no laboratório da Universidade de São Paulo (USP), onde finaliza ensaios da norma IEC 60601, específica para equipamentos médicos. A previsão é a de que a bateria de testes termine ainda este mês. Finalizada essa etapa, será iniciado o pedido de registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), necessário para ir ao mercado.   Clientes para o produto já existem. “Diversos hospitais e clínicas já entraram em contato conosco”, diz o diretor-geral da empresa, o engenheiro eletrônico José Alexandre Leão. A expectativa é a de que o novo equipamento aumente em 35% o faturamento da empresa, que viu a receita dobrar nos três anos anteriores a 2013. “No ano passado o resultado foi inferior, apesar de expressivo”, diz Leão.   Tecnologia   O resultado é fruto de um esforço intenso de pesquisa tecnológica. Conforme explica o engenheiro, toda a inteligência utilizada nos equipamentos é desenvolvida por ele mesmo, que viaja diversas vezes ao exterior em busca de novidades.   Como resultado das viagens, ele encontrou em uma feira em Munique, na Alemanha, um fornecedor dos Estados Unidos de uma das peças do transformador de alta tensão que ele criou. O transformador é utilizado no raio X.   A inovação deste equipamento, aliás, fez com que a Siemens se aproximasse da Sawae e a contratasse para fabricar o seu raio X, que já sai da companhia com uma etiqueta do conglomerado alemão. “É o mesmo produto, o nosso e o deles”, comenta.   Embora toda a inteligência do equipamento seja nacional, diversos componentes são importados do Japão, Espanha e Estados Unidos. Outros, são de Minas Gerais mesmo. “Tenho um fornecedor de transformador de baixa tensão que fica na rua Tamoios”, diz Leão. Em peso, a taxa de nacionalização do produto é de 95%. Em valor, de 80%.   Empresa desenvolve simulador para tratamento de radioterapia   A Sawae se prepara para lançar, em dois anos, o primeiro simulador de radioterapia desenvolvido no Brasil.   Atualmente, o equipamento é fabricado apenas nos Estados Unidos e na Suécia. A Toshiba, empresa centenária japonesa, é parceira da Sawae no projeto, assim como a financiadora de pesquisas Finep, é vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).   Segundo José Alexandre Leão, da Sawae, a expectativa é conseguir um equipamento com qualidade equiparável aos das empresas que hoje fabricam o equipamento (Elekta, da Suécia, e Varian, dos Estados Unidos), porém com preço 30% mais baixo. “Estamos desenvolvendo tecnologia para isso”, garante.   O simulador opera em parceria com o equipamento de radioterapia. Conforme explica Leão, antes de utilizar o aparelho de radioterapia é necessário mapear, no paciente, a massa cancerígena que deve ser atacada. “Todo o feixe do equipamento de radioterapia deve ser focado em uma área específica. Esse é o papel do simulador. Descobrir qual é esta área”, afirma.   Segundo o engenheiro eletrônico, devido à pequena quantidade de fabricantes no mundo, a demanda pelo simulador é grande. “É comum que as filas para uso do simulador sejam maiores do que para utilização do aparelho de radioterapia”, diz.
Nome é anagrama e homenagem   A origem do nome Sawae é brasileira, apesar de não parecer. O nome é um anagrama, um jogo de letras, que descrevem aquilo que é importante para o fundador da empresa, José Alexandre Leão.   O S é de Socor, em homenagem ao hospital no qual o engenheiro foi responsável pelo funcionamento de um dos equipamentos durante 12 anos. As duas letras seguintes, o AW, é uma homenagem a amigos.   O outro A também é uma homenagem, ao pai do engenheiro. Por fim, a letra E representa a engenharia eletrônica.

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