Apesar dos tropeços da economia, brasileiro compra mais livros

Janaína Oliveira - Do Hoje em Dia
02/12/2012 às 07:55.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:59
 (Luiz Costa)

(Luiz Costa)

Treze livros por ano. Esta é a média de leitura em países desenvolvidos. Por aqui, há cerca de uma década, a média era inferior a um livro, índice que subiu para dois e, muitas páginas depois, saltou para quatro, após os governos passarem a fazer compras mais robustas. Em resumo, o brasileiro ainda lê pouco. Mas junto com livrarias e editoras nacionais tem ajudado a reescrever essa história.

Segundo a Câmara Brasileira de Livros (CBL), que representa hoje a maioria das editoras em atividade no Brasil, além de livreiros e distribuidoras, o mercado editorial do país fechará 2012 com 493 milhões de exemplares vendidos, um aumento de 5% sobre 2011, quando foram comercializados quase 470 milhões de exemplares.

“Embora menor do que o crescimento registrado no ano passado, de 7,2%, o resultado é superior às previsões de crescimento para o PIB brasileiro, que hoje giram em torno dos 1,5%”, diz a presidente da CBL, Karine Pansa.

Desaceleração

Entre os motivos para a desaceleração, Karine cita a ausência de lançamentos de peso (com exceção da trilogia Cinquenta Tons de Cinza), o cenário de crise econômica, a greve nas universidades federais, o fortalecimento do mercado de livros digitais e a pirataria. Mas as perspectivas para o futuro são animadoras, insiste a executiva.

Segundo ela, os números do mercado não deixam dúvidas de que, a cada ano, os brasileiros se interessam mais por livros. No entanto, Karine admite que o Brasil ainda sofre com índices relativamente baixos. “Somente 50% dos brasileiros com mais de cinco anos de idade podem ser considerados leitores.

A boa notícia é que enxergamos nessas lacunas bons espaços para crescer. Estamos falando de um universo de quase 180 milhões de potenciais leitores”, salienta.

Interpretação similar tem a gerente da Fnac do BH Shopping, Valéria Dacanal Garcia, que comemora crescimento de 10% na venda de livros em 2012 sobre 2011, e vislumbra resultados igualmente positivos para 2013.  “Tanto, que pensamos em expansão e inauguração de novas lojas, mas os locais ainda não estão definidos”, diz.

Comodidade

Para agradar ao cliente e conquistar novos adeptos da leitura, Valéria diz que a Fnac aposta em comodidade e informação. “Realizamos entregas em domicílio e procuramos atender com rapidez a encomenda de um livro raro ou com baixa tiragem”, detalha.

Marcus Teles, diretor da rede Leitura, festeja um crescimento de 10% no segmento de livros e 18% nos artigos em geral. Com as vendas em alta, no calendário de 2013 constam cinco inaugurações de lojas. “Antes, 70% dos clientes já sabiam o que queriam quando entravam na loja. Agora, 70% entram sem saber o que vão levar. Não tem outra saída senão investir em diversidade, cultura e entretenimento”, receita Teles.
 
Diversificação é estratégia para atrair novos clientes

É como se as livrarias de hoje tivessem que reinventar o negócio para sobreviver. E as pequenas sabem disso melhor do que as grandes. Fundada em 1976 como uma banca de revistas e livros na região da Savassi, a Status vive hoje de vender livros, mas também café da manhã, com direito a bufê aos domingos, almoço executivo, presentes, brinquedos e artigos de informática.

Para movimentar o ambiente e, consequentemente, o fluxo de clientes, a casa ainda oferece música ao vivo todos os dias. No repertório, jazz, bossa nova, chorinho, MPB e blues.

“Vender só livro é complicado”, justifica Gustavo Batista, gerente e filho do proprietário Rubens Batista. Tanto que, para 2012, a expectativa é fechar o ano com 6% de crescimento nos negócios. Já a venda de livros... “Vai ficar estagnada. Não diminuiu, mas também não aumentou nada”, lamenta.

Mesmo diante das dificuldades, a família Batista mantém a esperança. “O brasileiro lê apenas quatro livros por ano. A média na Europa, por exemplo, é três vezes maior. Para que o Brasil vá para a frente, será preciso mudar, investindo mais em cultura e educação”, ressalta Gustavo.

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