Argentina pagará última parcela da dívida

Ariel Palacios, correspondente
02/08/2012 às 23:58.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:05

A presidente Cristina Kirchner anunciou nesta quinta-feira com toda a pompa o "desendividamento" da Argentina, em referência ao pagamento da última parcela dos títulos da divida pública Boden 2012. No total, serão US$ 2,3 bilhões (somando capital e juros) que o Estado argentino desembolsará nesta sexta-feira para os credores que possuem os títulos emitidos em 2002 com o objetivo original de encerrar o "corralón", denominação do confisco das contas em dólares decretado em janeiro de 2002 pelo então presidente Eduardo Duhalde. Posteriormente, o ex-presidente Nestor Kirchner (2003-2007) também emitiu títulos Boden 2012 que vendeu à Venezuela para conseguir fundos frescos, apesar dos altos juros exigidos pelo governo do presidente Hugo Chávez.

Cristina, em tom épico durante o discurso em rede nacional de TV, afirmou que o pagamento do Boden 2012 encerrava um "clico histórico" e que era um passo um passo crucial na política de "desendividamento" do país.

Além disso, afirmou que durante seu governo e a administração de seu antecessor e ex-presidente Kirchner, os bancos e empresários "nunca haviam ganho tanto dinheiro". A presidente também pediu aos bancos que "coloquem recursos no setor produtivo".

Em um discurso interrompido em várias ocasiões pelos aplausos frenéticos dos integrantes do governo e aliados presentes no salão principal da Bolsa de Valores - que festejava os 158 anos de sua fundação - a presidente Cristina citou a crise econômica europeia, afirmando que "poucas vezes na História foi vista uma crise especulativa imensa como esta que está ocorrendo agora". Na sequência, depois de uma série de críticas sobre o sistema financeiro internacional, elogiou o desempenho da Argentina - sob seu próprio comando - em meio à crise internacional.

O pagamento do Boden 2012 será realizado com fundos do Banco Central, medida intensamente criticada pelos partidos de oposição, que consideram que o país não deve reduzir as reservas do BC em épocas de crise.

Segundo o economista Ramiro Castiñera, da consultoria Econométrica, os pagamentos da dívida estão sendo feitos graças aos fundos do Banco Central. "Aquilo que antigamente era pago com superávit fiscal, agora é pago com inflação", diz. Segundo ele, "em uma primeira etapa o Tesouro passa a dívida pública ao BC, deteriorando seu balanço. Depois, o BC transfere a dívida aos privados ao desvalorizar a moeda e liquefazer seu passivo. No final, quem pagou a dívida pública foi o setor privado perante um menor poder de compra da moeda nacional", sustenta.
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