Ataque especulativo contra a moeda russa pressiona dólar no Brasil

Bruno Porto - Hoje em Dia
17/12/2014 às 07:49.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:24

O dólar disparou e atingiu no fechamento da última terça-feira (16) a cotação de R$ 2,74, alta de 2,01%, motivada por mais um ingrediente na lista de pressões cambiais que geram a tendência de valorização da moeda norte-americana. O gatilho da vez para a alta, que alçou o dólar ao maior patamar desde março de 2005, foi a crise russa.

Diante da continuidade da queda do preço do petróleo, a Rússia, que tem no hidrocarboneto uma importante fonte de divisas, assistiu a uma desvalorização de 20% do rublo na última terça-feira (16).

Também pressionam a alta do dólar no Brasil os baixos preços das commodities, a recuperação da economia dos Estados Unidos e a iminência de recessão na zona do euro. Nas últimas cinco sessões, a moeda acumulou alta de 5,63%.

Os impactos da crise no Brasil ocorrem porque os investidores reduzem a exposição ao risco e tendem a sair de mercados emergentes em situações de grande instabilidade. O menor volume de dólar circulando no mercado acarreta a alta.

Para o professor de economia da Faculdade Ibmec Reginaldo Nogueira, o cenário internacional aliado à política fiscal frouxa do Brasil indicam a permanência da trajetória de alta do dólar frente ao real. “O mercado observa as vulnerabilidades e, em certa medida, vê semelhanças entre Brasil e Rússia, que são exportadores de commodities. As reservas cambiais da Rússia são ainda maiores do que as brasileiras, assim como as taxas de juros. Nada disso foi suficiente para impedir a desvalorização do rublo”, afirmou.

As reservas brasileiras giram em torno de US$ 370 bilhões, enquanto as da Rússia estão próximas de US$ 420 bilhões.

O vice-presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), Pedro Paulo Pettersen, enxerga a economia nacional com fundamentos mais sólidos do que a russa, e avalia que embora a tendência do dólar seja de valorização, o Banco Central não deve intervir na tentativa de conter a alta da moeda estrangeira.

“Se for sensato, o Banco Central não irá intervir. O governo brasileiro sinaliza nesse período de transição a preocupação com os fundamentos da economia, como ajuste fiscal e política monetária, e é isso que vai impedir crise cambial. O Brasil já tem fundamentos mais consistentes. Aqui não se eleva os juros em 6 pontos percentuais do dia para a noite”, disse, referindo-se à última medida do BC russo.

Pettersen considera que a valorização do dólar é um movimento global, gerado pela recuperação da economia norte-americana, que pode anunciar a qualquer momento a alta da taxa de juros para atrair recursos. Ele diferencia o Brasil da Rússia também pela maior diversidade da pauta de exportações brasileira, apesar de também existir dependência de commodities. “Na Rússia é praticamente petróleo e gás, apenas”, observou. 

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