Atraso nos pagamentos prejudica exportações à Venezuela

Ricardo Bomfim, especial para a AE
03/04/2014 às 18:39.
Atualizado em 18/11/2021 às 01:56

O aumento dos atrasos ou mesmo da ausência de pagamentos por importadores na Venezuela tem prejudicado as exportações brasileiras para o país, segundo estudo divulgado nesta quinta-feira, 3, pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). De acordo com 54,7% dos exportadores ouvidos pela pesquisa, esses atrasos aumentaram nos últimos 12 meses.

Além disso, 48,4% disseram demorar até seis meses para receber pelas mercadorias enviadas ao país. A Venezuela é o oitavo maior destino das vendas externas brasileiras, respondendo por 2% de todo o comércio exterior do País. O estudo realizado pelo Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex) da Fiesp aponta como causa desse crescimento das dificuldades nos pagamentos a criação da Comissão de Administração de Divisas (Cadivi), um órgão governamental de controle de entrada e saída de divisas no país vizinho.

O Cadivi tem restringido as remessas de divisas ao exterior e isso atrapalharia os pagamentos dos importadores venezuelanos. Os montantes a receber por 79,7% das empresas ouvidas chegam a US$ 500 mil. O diretor da Derex, Thomaz Zanotto, afirmou que os maiores prejudicados pelos atrasos são os exportadores menores - que vendem volumes pequenos.

O estudo ouviu 64 empresas de 18 setores variados da indústria. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o comércio entre Brasil e Venezuela mais que quadruplicou de 1999 a 2012, durante a era Hugo Chávez. Em 2013, o saldo da balança comercial entre os dois países ficou positivo em US$ 4,8 bilhões para o Brasil, ou o equivalente a 9,4% das transações brasileiras para toda a América Latina.

Entre janeiro e fevereiro de 2014, as exportações brasileiras ao país chegaram a US$ 612 milhões. Os principais produtos exportados para os venezuelanos são carnes bovinas e de frango congeladas, enquanto os importados são nafta para petroquímica, ureia com teor de nitrogênio e coque de petróleo não calcinado.

Zanotto disse, contudo, que a situação econômica ainda preocupa menos que a crise política que afeta o país desde fevereiro. Nesta quarta-feira, 2, a deputada oposicionista venezuelana Maria Corina cobrou uma posição mais firme do Brasil em relação à crise enfrentada por seu país em audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília.
 

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