BC argentino proíbe compra de dólares para economizar

Ariel Palacios, correspondente
06/07/2012 às 08:57.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:21

O arraigado costume argentino de poupar em dólares para proteger as economias pessoais, exercido pelos habitantes deste país intensamente há quatro décadas, foi interrompido oficialmente nesta quinta-feira pelo Banco Central argentino.

A instituição monetária determinou formalmente que daqui para a frente os argentinos - e estrangeiros residentes neste país - não poderão adquirir a moeda americana com o fim de economizar. O objetivo do governo da presidente Cristina Kirchner é forçar os argentinos a economizar no desprestigiado peso, a moeda nacional.

Na prática, os argentinos estavam com grandes dificuldades para adquirir a cobiçada moeda dos Estados Unidos desde o início da cruzada anti-dólar desatada pela presidente Cristina Kirchner em novembro passado. Desde o dia 14 de junho o cerco contra o dólar ficou mais intenso, já que nesse dia a Administração Federal de Ingressos Públicos (Afip) - a receita federal argentina - deixou de autorizar as compras dessa moeda, sem dar explicações.

O BC anunciou que os argentinos poderão continuar a comprar dólares para os casos de viagens ao exterior. No entanto, esta operação deverá contar com a aprovação da Afip. A entidade monetária também permite a compra de dólares com o dinheiro obtido de créditos hipotecários para os casos de aquisição de imóveis (as operações imobiliárias argentinas são tradicionalmente feitas em dólares). No entanto, estas operações só poderão ser feitas em dólares até o 31 de outubro deste ano. Após essa data, as transações imobiliárias deverão ser realizadas em pesos argentinos.

Além destas operações, a compra de dólares somente será possível para doações em casos de catástrofes naturais ou situações de caráter humanitário de conhecimento público.

O "corralito verde" provocou o surgimento de um mercado paralelo de dólares. Nesta quinta-feira, a cotação oficial era de 4,54 pesos. Mas, no "blue" (denominação do dólar informal), a cotação era de 5,96 pesos.

As restrições contra o dólar provocaram nos últimos meses críticas dos partidos da oposição e dos economistas independentes. Os habitantes de Buenos Aires realizaram em junho dois panelaços em protesto contra o "corralito verde".
http://www.estadao.com.br

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