Bolsa fecha em alta e dólar recua com anúncio de esforços fiscais do governo

Folha Press
14/09/2015 às 18:45.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:45

O principal índice da Bolsa brasileira fechou esta segunda-feira (14) em alta com investidores repercutindo positivamente o esforço fiscal anunciado pelo governo para tentar cumprir a meta de superavit primário de 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2016. A medida também derrubou a cotação do dólar após duas altas seguidas.    O Ibovespa fechou em alta de 1,90%, para 47.281 pontos. O índice foi na contramão dos mercados acionários nos Estados Unidos e Europa, que fecharam no vermelho.    No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve desvalorização de 0,60% sobre o real, terminando o dia cotado em R$ 3,856 na venda. Já o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, recuou 1,54%, para R$ 3,818.    Os ministros Nelson Barbosa (Planejamento) e Joaquim Levy (Fazenda) anunciaram nesta segunda que o governo cortará R$ 26 bilhões em gastos. Algumas medidas anunciadas para atingir a meta do superavit foram o adiamento do reajuste dos servidores para agosto do ano que vem e a suspensão de concursos públicos.    "É uma resposta rápida do governo tentando evitar a perda do grau de investimento do país por uma outra agência de risco, o que faria com que alguns grandes fundos de pensão que investem no país tivessem que se desfazer de suas aplicações por aqui", disse Leonardo Bardese, estrategista da BGC Liquidez.    Na semana passada, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota de crédito do Brasil, retirando o selo de bom pagador do país e citando a "falta de habilidade" e "vontade" do governo Dilma Rousseff ao submeter um orçamento deficitário ao Congresso.    A expectativa pelo anúncio de corte nos gastos públicos refletiu positivamente no mercado de juros futuros. O contrato de DI com vencimento em janeiro de 2013 fechou com taxa de 14,350%, ante 14,460% na sessão anterior. O DI para janeiro de 2021 ficou em 14,940%, ante 15,110% na sexta-feira (11).    PETROBRAS    As ações da Petrobras começaram o dia em queda, mas inverteram a tendência e fecharam no azul. Os papéis preferenciais da estatal subiram 0,78%, para R$ 7,72 cada um. Já os ordinários, com direito a voto, avançaram 0,23%, a R$ 8,83.    Durante a sessão, ambos chegaram a oscilar perto de seu menor valor desde 2003, refletindo o pedido licença feito por Murilo Ferreira da presidência do conselho de administração da companhia até 30 de novembro.    Ferreira foi eleito para a presidência do conselho da Petrobras no dia 29 de abril, em uma estratégia do governo para profissionalizar a gestão da estatal -antes, o colegiado era presidido pelo ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele também ocupa o posto de presidente-executivo da mineradora Vale.    O pedido de licença ocorre em meio ao agravamento da crise da petroleira devido à perda do grau de investimento que havia sido concedido pela agência de classificação de risco Standard & Poor's. A Petrobras já havia perdido o grau de investimento da agência Moody's.    A mineradora Vale viu suas ações preferenciais caírem 1,98%, a R$ 15,36 cada uma, enquanto as ordinárias tiveram desvalorização de 1,54%, para R$ 19,15. O recuo refletiu a queda nos preços do minério de ferro negociados na China -principal destino das exportações da Vale.    Na contramão, os papéis de bancos subiram. O Itaú Unibanco viu sua ação avançar 4,03%, para R$ 27,59. O Banco do Brasil também teve alta. Já o papel preferencial do Bradesco valorizou-se 4,46%, para R$ 23,40.    JURO AMERICANO    Além de cautelosos com o quadro fiscal brasileiro, os investidores operam nesta semana de olho na decisão de política monetária do Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) prevista para quinta-feira (17).    Indicadores que sinalizaram o fortalecimento da economia americana levantaram dúvidas sobre quando o Fed pode começar subir os juros nos EUA. A taxa está em seu menor patamar histórico, entre zero e 0,25% ao ano, desde 2008 -uma medida para amenizar o efeito negativo da crise.    Embora a maioria dos economistas espere que o início do aperto monetário americano seja apenas em dezembro ou em 2016, o mercado permanece atento para as sinalizações que o Fed pode dar no encontro desta semana.    Um aumento dos juros nos EUA deixaria os títulos do Tesouro americano, considerados de baixíssimo risco, mais atraentes do que aplicações em emergentes. Com isso, operadores preveem uma retirada de investimentos de países como o Brasil, encarecendo o dólar.    O Banco Central do Brasil segue vigiando de perto a volatilidade da moeda americana, que há poucos dias chegou a ultrapassar R$ 3,90. Nesta segunda, a autoridade deu continuidade à rolagem de swaps cambiais para estender os vencimentos de contratos previstos para o próximo mês. A operação, que tem sido feita diariamente, equivale a uma venda futura de dólares.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por