SÃO PAULO - O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira, fechou esta segunda-feira (25) em leve queda de 0,14%, aos 56.617 pontos. Os investidores estiveram de olho no desfecho das eleições na Itália e na inflação aqui no Brasil. Por aqui, o Relatório Focus, do Banco Central, mostrou uma leve queda nas expectativas de inflação e uma ligeira alta para o PIB (Produto Interno Bruto) neste ano. A projeção do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) passou de uma alta de 5,70% para 5,69%, e do PIB de 3,08% para 3,10%.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou hoje que a instituição está atenta ao comportamento da inflação, acompanhando com cuidado a trajetória dos preços. Ao discursar em um evento em Nova York, Tombini voltou a repetir que a inflação tem mostrado "resistência" nos últimos meses, mas reiterou a avaliação de que o IPCA acumulado em 12 meses vai recuar no segundo semestre. Ainda no Brasil, a dívida pública federal caiu 4,09% em janeiro, para R$ 1,925 trilhão, segundo informações da Secretaria do Tesouro Nacional. Já o custo da dívida pública acumulado em doze meses subiu 0,22 ponto percentual, passando de 11,55% ao ano em dezembro para 11,77% em janeiro.
Na Europa, o foco recaiu sobre a eleição para primeiro-ministro na Itália, que terminou hoje. A imprensa local colocou Pier Luigi Bersani, do Partido Democrático, de centro-esquerda, como o principal favorito, mas o ex-primeiro-ministro do país, Silvio Berlusconi, ganhou força ao longo do dia. A possibilidade de uma retomada do poder por Berlusconi preocupou o mercado, devido ao seu discurso antieuro. Caso ele vença as eleições, a cautela seria sobre a discussão de uma fragmentação da zona do euro.
Os olhos dos investidores também se voltaram para a cena asiática. No Japão, rumores indicam que Haruhiko Kuroda, presidente do Banco de Desenvolvimento Asiático, deverá assumir o banco central do país. Ele é conhecido por ser agressivo em suas políticas econômicas, levando o mercado a crer ele anunciará algumas medidas para reverter a deflação.
Usiminas e OGX
As ações ordinárias (com direito a voto) da OGX, empresa de petróleo de Eike Batista, registraram hoje queda acentuada de 8,91%. Os papéis têm sofrido volatilidade desde a semana passada, após rumores de que Eike Batista negocia a venda de uma fatia da OGX para a Petronas, empresa estatal da Malásia. A empresa não comentou o assunto.
Além disso, as ações das empresas de Eike Batista são penalizadas diante da avaliação do mercado de que o empresário não está conseguindo entregar o que prometeu aos investidores e que suas empresas estariam sem caixa para dar prosseguimento aos planos de investimento. Agora, segundo avaliação de analistas, Eike estaria tentando levantar recursos para manter ao menos uma parte desses planos.
Em sentido contrário, as ações da Usiminas tiveram as maiores altas do Ibovespa hoje. Os papéis ordinários da companhia subiram 5,84%, enquanto os preferenciais (mais negociados e sem direito a voto) tiveram avanço de 5,35%. Segundo operadores, o movimento teria sido estimulado por rumores de que a companhia irá reajustar os preços de seus produtos em março.
"A companhia já tinha sinalizado quando divulgou os resultados que ela poderia efetuar um reajuste nos preços. Durante conferência sobre o balanço, a direção da empresa também revelou que negociava com a indústria sobre o patamar dos preços", disse o analista Victor Penna, do BB Investimentos. A Usiminas não comentou o assunto.
Já o analista Pedro Galdi, da SLW Corretora, acredita que o avanço das ações da Usimas hoje foi exagerado. "Eu ouvi esses boatos sobre o reajuste, mas conversei com os representantes da empresa e eles disseram que não há nenhum plano sobre o assunto em andamento", afirmou.