Bolsa sobe 3,8% e dólar fecha abaixo de R$ 4 com reforma ministerial

Folhapress
02/10/2015 às 19:08.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:55
 (Luiz Prado)

(Luiz Prado)

O corte de oito ministérios e a redução em 10% do salário dos ministros animaram os investidores nesta sexta-feira (2) e levaram o principal índice da Bolsa brasileira a registrar sua maior valorização diária em quase 11 meses nesta sexta-feira (2), ajudado pela disparada da Petrobras. No câmbio, o dólar fechou em queda, após ter subido pela manhã.    Com a medida, a presidente Dilma Rousseff mudou toda a configuração de seu governo, 275 dias após ter sido eleita. O objetivo é melhorar sua governabilidade e evitar a abertura de um processo de impeachment contra seu mandado.    O Ibovespa teve valorização de 3,80%, para 47.033 pontos. Foi a maior valorização diária desde 21 de novembro de 2014, quando subiu 5,02%. O volume financeiro foi de R$ 5,7 bilhões. Com este desempenho, o índice fechou a semana no azul, com ganho de 4,91%, devolvendo parte da baixa de 5,15% registrada na semana passada.    O dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve desvalorização de 0,94%, para R$ 3,968 na venda. A moeda chegou a subir até 0,99% no dia, atingindo a máxima de R$ 4,046. Na semana, houve recuo de 0,15%. Já o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, caiu 1,44% no dia e 0,73% na semana, para R$ 3,946, depois de ter batido máxima de R$ 4,047 na sessão.    A reforma ministerial também aliviou a pressão sobre o mercado de juros futuros, que caíram. O contrato de DI para janeiro de 2016 cedeu de 14,680% para 14,540%, enquanto o DI para janeiro de 2021 apontou taxa de 15,200%, ante 15,650% na sessão anterior.   "As mudanças em si não foram muito fortes. O corte de oito ministérios e 3.000 cargos comissionados é pequeno em relação ao todo. A redução de salários talvez tenha sido vista com bons olhos", disse Julio Hegedus, economista-chefe da Lopes Filho. "O que gerou ânimo nos investidores foi a mobilização do governo para tomar alguma medida diante da crise."    Segundo Hegedus, a reforma ministerial representa "uma recomposição política elaborada pela presidente Dilma Rousseff, não um grande ajuste da 'máquina pública'. Ainda estamos longe de pensar que a crise foi superada, mas o empenho dessa reforma, mesmo ela sendo fraca, já conseguiu resgatar um pouco da esperança perdida do mercado".    Além da cena interna, o mercado digeriu a notícia de que os empregadores dos Estados Unidos reduziram as contratações nos últimos dois meses e os salários caíram em setembro. Os dados levantaram novas dúvidas sobre se a economia americana está suficientemente forte para que o banco central daquele país possa elevar sua taxa de juros até o final deste ano.    "O desemprego ficou estável, então não há um reflexo significativo para haver uma normalização da política monetária. O Fed deve arrastar a decisão para o ano que vem. Há quem aposte em março já, considerando que o inverno pode ser rigoroso, repetindo o início deste ano", disse Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.    Um aumento dos juros americanos provocaria uma debandada de recursos atualmente alocados em países como o Brasil de volta para os Estados Unidos, encarecendo o dólar.    Para conter a volatilidade do mercado, o Banco Central do Brasil deu continuidade nesta sessão aos seus leilões diários para estender os vencimentos de contratos de swaps cambiais que estão previstos para o próximo mês. A operação, que equivale a uma venda futura de dólares, movimentou US$ 510,1 milhões.    AÇÕES EM ALTA    Apenas três das 64 ações do Ibovespa caíram, puxadas pelo setor de papel e celulose. A Fibria recuou 2,64%, enquanto a Suzano teve perda de 3,27%. Ambas são exportadoras e acabam sendo prejudicadas pela queda do dólar na sessão.    No sentido oposto, as ações preferenciais (mais negociadas e sem direito a voto) de Petrobras e Vale ajudaram a sustentar o ganho do índice, com valorizações de 10,68% e 3,88%, respectivamente. Os papéis ordinários dessas companhias, com direito a voto, subiram 9,32% e 3,48%, nesta ordem.    No caso da Petrobras, foi a maior valorização diária da ação preferencial desde 3 de fevereiro, quando subiu 15,47%. Apenas nesta semana, o papel acumulou ganho de 13,93%. No ano, porém, tem queda de 22,5%.    O setor bancário, segmento com maior peso dentro do Ibovespa, também fechou no azul. O Itaú Unibanco viu suas ações avançarem 4,06%, enquanto o Banco do Brasil ganhou 6,77% e o papel preferencial do Bradesco registrou alta de 3,68%.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por