Brasil tem um dos menores índices de credibilidade da região

Raul Mariano - Hoje em Dia
12/09/2015 às 09:07.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:43
 (Frederico Haikal/Hoje em Dia)

(Frederico Haikal/Hoje em Dia)

A máxima de que “tamanho não é documento” se tornou ainda mais evidente no contexto econômico da América do Sul na última semana. Isso porque, dentro do continente, o Brasil tem o maior Produto Interno Bruto (PIB), mas um dos menores graus de investimento, ficando atrás de economias como Paraguai e Colômbia, segundo ranking da agência Trading Economics.

De acordo com o levantamento, somente Suriname, Equador, Argentina e Venezuela têm graus de investimento menores que o Brasil neste momento. Na prática, o ranking demonstra que o país tem, agora, menos credibilidade como “bom pagador” e não oferece um ambiente tão seguro para investidores.

O centro da questão, na avaliação de especialistas, é a relação entre a dívida pública e o PIB, fatores determinantes para que as agências de risco definam se o rating do país deve ou não ser rebaixado. Nesse contexto, conseguir implantar o ajuste fiscal seria o principal desafio do governo federal.

Para a professora de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBS), Virene Roxo Matesco, o principal problema do Brasil é a velocidade com a que a dívida cresce, de forma desproporcional à expansão da economia.

“A dívida bruta brasileira correspondia a 51% do PIB quando a presidente Dilma Rousseff iniciou seu primeiro mandato. No fim desse período, o percentual já era de 58,9%. Hoje, a posição já é de 66%, o que indica que houve uma explosão dessa proporção nos últimos anos. As avaliações mais pessimistas já afirmam que terminaremos o ano nos 70%”, analisa.

Contramão

Países como o Chile, por outro lado, estão se tornando exemplo de boas políticas econômicas que, por consequência, atraem investimentos. Medidas como o fomento à poupança por meio de mudanças no sistema previdenciário estão dando ao país condições de planejar e atrair investimentos.

A relação dívida versus PIB chileno não chega a 20%, o que garante ao país condições completamente diferentes das que são encontradas no Brasil. O coordenador do curso de Relações Internacionais do Ibmec, Reginaldo Nogueira, explica que a mudança de quadro no Brasil depende, antes de tudo, de cortes de gastos.

Superávit

“É absolutamente fundamental mostrar que a dívida é sustentável no médio prazo. Em seguida, é necessário que se volte a ter superávit primário. Depois, é preciso controlar a inflação, que ficou acima da meta mesmo com o governo controlando preços de combustível e energia”, explica.

O Brasil é o 49º país do mundo com maior relação percentual entre dívida bruta e o Produto Interno Bruto, segundo dados do Index Mundi

“País ainda não caiu para a segunda divisão, mas está na repescagem” Gesner Oliveira, Professor da FGV e ex-presidente da Sabesp

 

 

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