Caminhoneiros não aceitam proposta do governo e greve segue pelo 8º dia

Carolina Fernandes
cfernandes@hojeemdia.com.br
28/05/2018 às 07:40.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:18
 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Os caminhoneiros continuam em greve, nesta segunda-feira (28), em todo o Brasil, causando desabastecimento de produtos e combustíveis nas cidades. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, foram registrados, nesse sábado (26), 554 pontos bloqueados parcialmente nas rodovias brasileiras e 625 pontos desbloqueados durante esses 8 dias de paralisação.

Em Minas, os reflexos já atingem o abastecimento de gás de cozinha. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) (Asmirg-BR), Alexandre Borjaili, que responde nacionalmente pelas revendas do produto, já não há mais botijões disponíveis nos comércios do Estado. 

“Praticamente acabaram os botijões nas lojas mineiras. O consumidor não encontra mais nada e a situação só tende a se agravar”, afirma. Em condições normais, o presidente da Asmirg-BR afirma que são revendidos cerca de 3,5 milhões de botijões por mês em Minas.

O Estado representa 10% do mercado nacional e o prejuízo estimado pelo Sindicato do Comércio Varejista Transportador e Revendedor de GLP do Estado de Minas Gerais (Sirtgas) para os comerciantes é de cerca de R$ 2 milhões por dia. 

A falta de gás afeta diretamente as pessoas que dependem de botijões para garantir o abastecimento. Quem tem gás canalizado em casa não será afetado, porque o insumo é bombeado diretamente das distribuidoras para os domicílios. 

Conforme Borjaili, a situação do estado preocupa as fornecedoras de gás de cozinha porque há escolas, creches e hospitais que dependem do produto para prepararem as refeições. “Muitas instituições de saúde utilizam o GLP para a alimentação e também para aquecer ou esterilizar ferramentas”, observa.

Tropa na rua

Polícias estaduais, federais e tropas do Exército negociam a saída dos manifestantes das rodovias e fazem escoltas para liberar a saída de caminhões-tanque de refinarias. Na noite de domingo (27), o presidente Michel Temer anunciou seis medidas com relação às reivindicações dos caminhoneiros:

1) A redução de R$ 0,46 no preço do litro do diesel, correspondendo aos valores do PIS/Cofins e da Cide, somados. De acordo com Temer, o governo irá cortar do orçamento, sem prejuízo para a Petrobras;

2) A garantia de congelamento do preço do diesel por 60 dias. Depois desse período, o reajuste será mensal, de 30 em 30 dias;

3) Será editada uma Medida Provisória para a isenção de eixo suspenso em praças de pedágios, tanto em rodovias federais quanto nacionais;

4) O estabelecimento de uma tabela mínima de frete, conforme previsto no PL 121, em análise no Congresso;

5) A garantia de que não haverá reoneração de folha de pagamento no setor de transporte de carga;

6) A reserva de 30% do transporte da carga da Conab para motoristas autônomos.

Mais cedo, o Comando Militar do Sul (CMS) do Exército Brasileiro havia dito, em um vídeo divulgado em sua página oficial na internet, que espera a resolução do "problema" causado com a greve de caminhoneiros na região pela negociação, e não por meio da violência. O CMS pede que os caminhoneiros colaborem e ressalta que é "necessário que se entenda" que é por meio do diálogo que se chegará a uma solução que beneficie a todos.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, se mostrou preocupado com a paralisação de caminhoneiros e disse que "a economia brasileira está sendo asfixiada". "Todos estamos na iminência de um grave conflito social", relatou em comunicado.

Para o governo, há participação de patrões, empresários do transporte e distribuição na greve. Já foram abertos 37 inquéritos, em 25 Estados, para investigar a prática de locaute. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, 400 multas já foram aplicadas, que juntas somam pouco mais de R$ 2 milhões. 



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