Carnaval movimenta R$ 177 milhões nas cidades históricas de Minas

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
02/02/2014 às 08:09.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:44
 (Carlos Rhienck -)

(Carlos Rhienck -)

“Ei, você aí! Me dá um dinheiro aí! Me dá um dinheiro aí...” A marchinha dos irmãos Ivan, Homero e Glauco, eternizada na voz de Moacir Franco, representa bem o entusiasmo de muitos empresários em relação ao Carnaval. Além de muito samba no pé, neste ano, a data fará circular pelo país R$ 6,1 bilhões, montante 6% superior ao do ano passado. As previsões também são para lá de animadoras em Minas. Nos dias da festa do Momo, o Estado deve receber 190 mil turistas – 10 mil a mais do que em 2013 –, que deixarão por aqui R$ 177,1 milhões, um aumento de 8% sobre a cifra movimentada no último Carnaval.   Com montanhas, cachoeiras, marchinhas e blocos caricatos nos redutos mais tradicionais, além de cantores de axé, funk e pagode em cidades com apelo mais eclético, Minas receberá mais gente do que os ensolarados e praianos estados de Santa Catarina (180 mil) e Ceará (140 mil). Os lucros pelas bandas de cá também serão bem maiores.    Os cálculos do Departamento de Estudos e Pesquisas do Ministério do Turismo incluem as cidades históricas mineiras, municípios da Estrada Real e Belo Horizonte. Neste ano, a capital prepara-se para receber 1 milhão de foliões nas ruas, entre nativos – a maioria – e turistas.    Na cadeia produtiva que pulsa sob tamborins, estão hotelaria, setor de bebidas e alimentação, serviços e comércio, entre outros.   “Para as cidades históricas, Carnaval é sinônimo de alta temporada. O que a data gera para a economia dos municípios é comparado com o valor movimentado durante o inverno, quando esses locais promovem festivais e também são muito procurados por turistas de Minas e de outros estados”, diz a subsecretária de Turismo da Secretaria de Estado de Turismo e Esporte, Silvana Nascimento.    Segundo ela, só Ouro Preto, Diamantina, São João del Rei e Mariana, juntas, podem esperar por mais de 250 mil foliões, soma superior à conta total do Ministério do Turismo, que contabiliza apenas turistas de outros Estados. A pasta de Silvana, entretanto, não tem um levantamento sobre o dinheiro gerado.    “Isso depende de cada município”, justifica ela, que ainda cita Pompéu e Abaeté, na Região Central, como destinos preferidos pelos foliões. A maioria dos turistas são mineiros, cariocas, paulistas e do Distrito Federal.    Atração de famílias amplia a rentabilidade da festa em Tiradentes   Folia é coisa séria na histórica São João Del Rei, no Campo das Vertentes. A Secretaria Municipal de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer estima que aproximadamente R$ 6 milhões sejam injetados na economia local. Quase 80 mil foliões são esperados para a festa, que contará com 49 blocos e seis escolas de samba.    Com o tema “Futebol e Folia”, Mariana deve atrair 50 mil pessoas para o Carnaval. Enquanto no centro histórico a trilha sonora será composta por marchinhas e sambas tradicionais, nos espaços privados Gustavo Lima, Luan Santana, Alexandre Peixe e Thiaguinho se revezarão no comando da farra momesca.    “O Carnaval de rua já faz parte da nossa tradição, mas, neste ano, estamos dando maior ênfase. A festa é um dos pontos altos do turismo e movimenta a economia. Nossos hotéis já começaram a fazer reservas para esse período. Alguns estão praticamente lotados”, diz o prefeito Celso Cota.   Em meio à polêmica da hospedagem paga em repúblicas federais, na vizinha Ouro Preto, o Carnaval também é um grande negócio. Segundo o secretário municipal de Turismo, Indústria e Comércio, Jarbas Avellar, a expectativa é que durante o feriadão a cidade de 70 mil habitantes receba entre 75 mil e 85 mil turistas.    “Trata-se de um evento importante e que faz circular uma soma alta de dinheiro na cidade. Os hotéis ficam cheios, o comércio é requisitado, a indústria de souvenir lucra e restaurantes e bares registram grande movimento”, diz.  Avellar, no entanto, não sabe dizer ao certo a cifra que a festa movimenta. “Embora envolva menos dinheiro que os festivais de Inverno, que duram 30 dias, e de Jazz, que agrada em cheio estrangeiros e pessoas de poder aquisitivo mais alto, é um volume significativo”, afirma.   Já o prefeito de Tiradentes, Ralf Justino, tem a conta na ponta do lápis. “O Carnaval para nós é como uma Semana Santa. A festa movimenta cerca de R$ 4 milhões, entre hospedagem, alimentação, venda de móveis e artesanatos locais, entre outros”, enumera.    Segundo ele, de uns anos para cá, com limitações no centro histórico e valorização de marchinhas e sambas de raiz, a festa em Tiradentes tem atraído mais famílias, que normalmente têm mais dinheiro na carteira para gastar. 
  “A meninada passa o dia e volta, dorme amontoada em casas, traz bebida na mala. Hoje, a maioria do nosso público é outro. Traz mais recursos para gastar”, compara.

  Aluguéis em Pompéu chegam a R$ 12 mil    Em Pompéu e Abaeté, marchinhas e blocos caricatos abrem alas para fenômenos da música pop. No Carnaval deste ano, que já entrou para o calendário da folia no Estado, as atrações vão do funqueiro Mr. Catra ao pagodeiro Thiaguinho, do axé de Jammil ao sertanejo universitário Fred&Thiago. E as cifras são milionárias. “Estimamos um incremento na economia de até R$ 15 milhões e quase 30 mil turistas”, comemora o secretário de Cultura, Esporte e Turismo de Pompéu, Paulo Maurílio Souza.    Na pequena cidade da região Central, é comum moradores deixarem suas casas durante o Carnaval em troca de aluguéis que variam de R$ 7 mil a R$ 12 mil, dependendo do tamanho e da localização imóvel.    O hábito se repete pertinho dali, em Abaeté. “Donos de casas grandes e mais centrais cobram até R$ 5 mil pelo aluguel no período. Restaurantes e mercearias também reforçam o estoque de alimentos e bebidas. Muita gente ganha dinheiro nessa época”, relata o secretário municipal de Cultura, José Antônio Álvares de Souza. “Para a cidade, não existe uma festa tão lucrativa”, diz Souza, sem revelar valores.    Oito mil foliões são esperados – a maior parte de Minas, Rio e São Paulo – para pular ao som de Anitta e Psirico. “É uma festa lucrativa para restaurante, moradores que alugam suas casas, hotéis, comércio local e até costureiras que customizam abadás e barracas”, garante Álvares.   Ex-cemitério do samba terá 200 blocos   Até pouco tempo atrás, a maioria dos belo-horizontinos fugia para a praia ou interior no feriado de Momo. Por lá permaneciam até a Quarta-Feira de Cinzas. Neste ano, porém, a capital se prepara para receber o maior Carnaval de sua história.    A estimativa da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur) é que ao menos um milhão de pessoas lotem as ruas nos cinco dias da festa, o dobro do público de 2013. Mas entre empresários, comerciantes e alguns foliões, o clima ainda é de desconfiança.   “O Carnaval em BH está crescendo, mas ainda está longe de ser uma festa tão lucrativa como em outras cidades. O comércio, por exemplo, fecha as portas na segunda e na terça. E cada dia sem funcionar representa um prejuízo de R$ 76,01 milhões”, ressalta a economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Iraci Pimenta.   A presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (ABIH-MG), Patrícia Coutinho, revela que, apesar do crescimento no número de blocos na capital, os hotéis de Belo Horizonte ainda não registram aumento na procura por estadia.    “Só se as reservas forem feitas muito em cima da hora”, diz. Os preços também não foram alterados, segundo Patrícia.   O presidente da Belotur, Mauro Werkema, informa que já foram cadastrados 137 blocos. “Mas acreditamos que serão em torno de 200”, diz.    Um dos palcos principais será em Santa Tereza. Em 2013, as ruas do bairro receberam cerca de 20 mil foliões. “Mas a festa tem que ser acompanhada de infraestrutura. No ano passado, faltou policiamento e até banheiro químico”, reclama um dos donos do restaurante Bolão, Sílvio Eustáquio, que espera alavancar a venda de latinhas e latões de cerveja em 20% durante os dias de folia.    Segundo a Belotur, como a festa começou a ser preparada com antecedência, não faltará organização.

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