Cautela excessiva do BC no corte dos juros é lamentável, diz Mendonça de Barros

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02/12/2016 às 17:48.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:55

O economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados, disse nesta sexta-feira, 2, que lamenta a cautela excessiva do Banco Central (BC) no novo ciclo de afrouxamento monetário, iniciado com dois cortes seguidos de 0,25 ponto porcentual na taxa básica de juros, a Selic. Durante participação em congresso que reúne nesta sexta empresários da indústria química na zona sul de São Paulo, Mendonça de Barros comentou que, em termos técnicos, a taxa real de juros está muito acima da taxa neutra, aquela que não produz nem inflação nem desinflação. Citando a "boa teoria monetária", o fundador da MB Associados ressaltou que, num ambiente de recessão econômica, o mais correto seria o BC colocar os juros reais abaixo da taxa neutra, "que ninguém sabe exatamente qual é, mas vamos admitir que seja 4%".

Ele considerou ainda que agride ao bom senso uma política monetária que aumenta, em termos reais, a taxa de juros num momento em que o País caminha para perder 10% de PIB per capta em três anos. "E não quero crer que o Banco Central vai seguir dessa forma", disse o economista, antes de defender que o Comitê de Política Monetária (Copom) comece a entregar redução mais acelerada da taxa de juros a partir de janeiro. Por força da recessão e pelo fato de a taxa de juros ter estranhamente subido, Mendonça de Barros considerou que a inflação deverá convergir ao centro da meta (4,5%) no ano que vem. Ele disse que suas previsões estão "mais ou menos" em linha com as simulações do BC que indicam inflação na faixa de 4,3 a 4,7% em 2017.

A desaceleração deve vir da recuperação na oferta de produtos agrícolas e da desinflação nos preços de serviços, comentou o economista, lembrando que há dois anos consecutivos o valor dos aluguéis está em queda. Nesse contexto, Mendonça de Barros ressaltou que a distensão monetária deveria ter ritmo de meio ponto porcentual a cada rodada de corte, o que, na visão dele, deve começar a acontecer na reunião do Copom em janeiro. "Deveria ser algo que levasse os juros para um digito entre o fim de 2017 e inicio de 2018", concluiu.Leia mais:
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