Clientela do mercado de luxo cresce e movimenta cerca de R$ 24 bilhões no Brasil

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
20/03/2014 às 07:37.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:44
 (André Brant)

(André Brant)

O mercado de alto luxo teve um 2013 de ouro no Brasil e a expectativa é a de que o ritmo não diminua neste ano. A MFC Consultoria, que acompanha o setor, acredita num crescimento de 16% do mercado de artigos de luxo em 2013 (o número consolidado sai no próximo mês), quando o segmento teria faturado R$ 24,1 bilhões no país.

Esse desempenho brilhante vem se dando graças, principalmente, à chegada e expansão de grandes marcas fora do eixo Rio-São Paulo. Entre os mercados promissores despontam Brasília, Curitiba, Recife e Ribeirão Preto, além de Belo Horizonte.

Não é à toa que a capital mineira brilha aos olhos de empresários do segmento premium. Estudo da consultoria britânica WealthInsight mostra que 330 famílias belo-horizontinas são ultraricas, ou seja, têm pelo menos US$ 30 milhões em investimentos e propriedades. No Brasil, são 4.123. Há quem diga, entretanto, que os números sejam ainda mais expressivos, já que a mensuração de riqueza não é tarefa fácil no Brasil.

Carros são indício

O mercado de carros de alto luxo, por exemplo, é um indício de que o público AAA por aqui tem dinheiro de sobra. Desde 2009, Diogo Vaz de Melo e um grupo de amigos mantêm o blog BH Exotic, cujo objetivo é registrar os veículos mais caros, raros e exclusivos que rodam pela cidade. “Já flagramos um Alfa Romeo 8C Competizione Spyder, modelo único no Brasil, um Lamborghini Murcielago LP640-4 na raríssima cor Rosso Vicky, e um Mercedes Benz C63 AMG Black Series com Kit racer, única no país. A lista é extensa e inclui raridades antigas, como Lamborghinis Miura’s e Ferraris”, enumera.
 
A gerente da Minasmáquinas, Daniele Fernandes: segmento de luxo que não é afetado por crise (Foto: André Brant/Hoje em Dia)


Concessionária representante da Mercedes-Benz, a Minasmáquinas conhece bem o gosto requintado do motorista endinheirado de Belo Horizonte. Tanto que promoverá, na noite desta quinta-feira (20), ação de marketing conjunta com a joalheria Manoel Bernardes onde apresentará aos clientes o E 63 AMG, avaliado em US$ 245,9 mil, e o ML 63 AMG, de US$ 253,9 mil.

“O segmento de luxo não se afeta com crise. Os veículos têm grande aceitação porque representam tradição e status”, diz a gerente da Minasmáquinas, Daniele Fernandes. No ano passado, as vendas da concessionária cresceram 40%, impulsionadas principalmente pelos modelos classe A, a partir de R$ 110 mil.

Parceira na ação de marketing, a Manoel Bernardes exporá relógios de marcas suíças. “Amantes de carros são amantes de relógios”, justifica a sócia Andréa Bernardes. A peça mais cara é um Rolex. Para este ano, o aumento nas vendas deve atingir até 10%. “É um mercado de sonhos. Quem conquista um, quer logo realizar outro”, diz.

Abastados também parcelam pagamento

Apesar de abastados, os milionários também sucumbem às prestações. Andréa Bernardes, sócia da famosa marca que leva seu sobrenome, diz que é comum parcelamentos de seis a dez vezes. “É uma questão de comodidade. O desconto à vista não faz diferença para esse público”, comenta.

Para o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Fernando Marchesini, coordenador do MBA em Gestão de Comércio e Vendas, o parcelamento é um diferencial no comércio para os mais ricos, uma vez que os preços, muitas vezes, são mais caros aqui do que no exterior.

“Por causa dos tributos, as compras dos brasileiros no exterior acabam competindo com as vendas no país”, afirma. Ainda assim, segundo ele, para grande parcela dos endinheirados o céu é o limite.

Que o diga o gerente comercial da EPO, construtora especializada em alto luxo, Marcelo Carvalho. Entre os lançamentos da construtora está o Residencial Sol, com alguns apartamentos que custam mais de R$ 8 milhões e que oferecem luxos como elevador para carro.

Já a sócia da imobiliária RE/MAX Mix, Elaine Takahashi, revela que tem em seu portfólio uma cobertura de 700 metros quadrados que custa R$ 15 milhões.

Pensando no topo da pirâmide, a Bel Lar vai investir R$ 2 milhões em uma unidade na Zona Sul. Entre os mimos, porcelanato especial de R$ 4.500 o metro quadrado e pastilhas com apliques de ouro.
 

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