Com dificuldade para conter a inflação, BC mantém taxa de juros em 14,25%

Janaína Oliveira - Hoje em Dia *
21/10/2015 às 21:04.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:10

A pouco menos de dois meses para o Natal, data mais aguardada pela indústria e comércio, a decisão do Banco Central de manter a taxa básica de juros em 14,25% foi recebida como alento pelos empresários. Como no ditado que diz que dos males o menor, os empresários encararam a não elevação da Selic com certo alívio. A taxa, no entanto, segue no maior nível em nove anos em meio à dificuldade para conter a inflação.

“Um aumento na atual conjuntura econômica prejudicaria ainda mais o setor que vem sofrendo ao longo do ano com a queda das vendas”, disse o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Bruno Falci.

Para ele, o país precisa mesmo é de um pacote de medidas econômicas eficientes. “Não há como termos um PIB positivo se não houver corte nos gastos públicos, ampliação dos investimentos produtivos, responsabilidade fiscal e reformas estruturais”, afirmou.

O diretor regional da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos em Minas Gerais (Abimaq-MG), Marcelo Veneroso, disse que a manutenção da Selic sinaliza que o governo entendeu que a política de juros altos chegou ao limite, mas ainda não admite a necessidade de mudança de rumo.

“O país está recessivo, mas o governo não dá o braço a torcer. É preciso dar fôlego à indústria. O efeito dos juros nesse momento é completamente nocivo, encarecendo o custo do dinheiro, do capital de giro, e represando investimentos”, afirmou.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado, as evidências indicando o agravamento da recessão brasileira acumulam-se diariamente. “A indústria se preocupa com a aceleração da inflação, pois ela afeta a todos. Consumidores perdem o poder de compra e empresas se defrontam com custos crescentes de produção. Todavia, uma taxa de juros tão alta quanto essa tem sido incapaz de conter a evolução da inflação, e, ao mesmo tempo, tem contribuído para sufocar a capacidade de investimento do país e a capacidade de consumo das pessoas, afetando, em última instância, as vendas da indústria”, diz.

Segundo Olavo, o próprio poder público é obrigado a alocar cifras cada vez maiores para o pagamento de juros da dívida pública. O diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Oliveira, ressalta que o alto patamar da Selic é extremamente prejudicial ao bolso. "Desde que teve início a trajetória de alta da Selic, as taxas médias de juros para pessoas físicas saltaram de 87,97% para 128,78% ao ano. No final, é o consumidor que paga a conta", diz.

* Colaborou Bruno Porto

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