(LUCAS PRATES/Hoje em Dia)
A confiança de parte dos micro e pequenos empreendedores do Estado manteve-se em alta em junho, como vinha ocorrendo desde abril, segundo dados do Índice Sebrae de Confiança dos Pequenos Negócios (Iscon), divulgado pelo Sebrae Minas ontem. O otimismo foi constatado, sobretudo, no setor da construção civil, que em julho registrou o segundo maior patamar para o ano, chegando a 125 pontos (em 200, sendo que 100 separam pessimismo e otimismo). O comércio veio em seguida, com 122 pontos – 11 a mais que em junho.
Apesar desses números, especialistas indicam que o cenário econômico para os próximos meses ainda não garante condições ideais para uma efetiva retomada. A inflação galopante e as taxas de juros em elevação são as principais barreiras ao crescimento.
Desde o início do ano, a projeção da inflação para 2021 saltou de 3,75%, em janeiro, para 7,11% em agosto, segundo o Boletim Focus, do Banco Central. No acumulado do ano, o IPCA já chega a 8,99%. Para Mafalda Ruivo Valente, economista e professora das Faculdades Promove, a escalada do índice geral de preços reflete em um ambiente de baixo crescimento. “Estamos em uma situação em que a escolha por barrar a inflação impede evolução e gera desemprego. É uma questão de opção de quem gere a política monetária, e que nos coloca nesta situação”, explica a economista.
Dívida Pública
As altas taxas de juros também são limitadoras ao crescimento. Desde janeiro, a taxa básica (Selic) saiu de 3,25% para 5,25%, em agosto – e pode chegar a 7,5%, até o final do ano. Para Felipe Leroy, economista do Ibmec, a alta da Selic está atrelada à dívida pública, que faz o governo ter que valorizar títulos públicos no mercado externo para atrair recursos para quitar os débitos. “Essa dominância fiscal, para ra que o governo consiga rolar a dívida, acaba gerando um ‘voo de galinha’ na economia. Achata o poder de compra das famílias e diminui as possibilidades de aumento da produção”, afirma o economista
MEI
Também averiguado pela pesquisa do Sebrae, o otimismo entre segmentos empresariais mineiros aponta que os MEI são os menos confiantes na retomada – o índice entre eles foi de 113 pontos, ante 135 das empresas de pequeno porte (EPP) e 124 entre as micro (ME). Para Paola La Guardia, analista do Sebrae Minas, isso se justifica pela natureza dos negócios e pelo menor fôlego dos MEI. “As empresas menores sofrem mais para sobreviver em cenários de crise devido à ineficiência de gestão e do planejamento. Muitas MEI são abertas por necessidade e são vistas como temporárias. Por isso, sentem mais os efeitos adversos”.
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